Crédito alternativo para financiamento da agricultura sobe 45% no 1º semestre 04/07/2012
- Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo
A queda da taxa básica de juros está estimulando os sistemas alternativos de financiamento à agricultura.
Lastreadas em recebíveis de produtores rurais, as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) ganham espaço entre os investidores, que buscam aplicações mais rentáveis.
Ao final de junho, o valor dos títulos em aberto era de R$ 38,7 bilhões, 45% mais do que em dezembro de 2011.
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Em relação ao mesmo mês do ano passado, quando os estoques somavam R$ 17,8 bilhões, o crescimento é de 117%, segundo dados da Cetip e da BM&F Bovespa, as depositárias dos títulos.
Isentas de IR e de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), as LCAs são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos e lastreados em empréstimos aos agricultores.
Por isso, as boas perspectivas para a agricultura, mesmo com a volatilidade dos preços, contribuem para a atratividade dos títulos.
Para o diretor de commodities da BM&FBovespa, Ivan Wedekin, os títulos do agronegócio passam por uma "fase de popularização". Com a queda dos juros, a expectativa é que mais bancos que trabalham com crédito agrícola passem também a oferecer os títulos agropecuários.
Segundo Ricardo Magalhães, gerente de desenvolvimento de produtos da Cetip, a demanda é grande e as instituições se preparam para responder à maior procura.
Como maior financiador do agronegócio, o Banco do Brasil é o mais atuante. Desde a assinatura do convênio com a BM&F Bovespa, em março de 2011, a participação da Bolsa no mercado de LCAs passou de 3% para 48%.
Sinal verde
A UE autorizou a venda da segunda geração da semente transgênica da Monsanto, que combina proteção contra lagartas e tolerância ao glifosato -- herbicida para controlar plantas invasoras.
À espera
Para começar a vender a Intacta RR2 Pro para plantio no Brasil, porém, a Monsanto aguarda a aprovação da China, que compra mais da metade da soja vendida pelo Brasil.
Milho sobe
O temor de que a seca prejudique a safra americana levou o milho para US$ 7,18 por bushel ontem, em Chicago, maior valor desde setembro de 2011. A soja acompanhou e avançou 2,6%, para US$ 15,72 por bushel.
Mundo terá maior sobra de algodão desde os anos 80
Mesmo com retração de 8% na produção mundial de algodão na safra 2012/13, estimada em 25 milhões de toneladas, os estoques mundiais do produto subirão 10%, para 15 milhões de toneladas.
Segundo o Icac (instituto internacional do algodão), ao final de julho de 2013 os estoques de algodão representarão 64% do consumo mundial. A relação entre estoque e consumo será a maior desde meados da década de 80.
Os armazéns cheios devem continuar pressionando o preço da commodity, que cai 55% em 12 meses com a queda das compras pela China.
As importações mundiais, segundo o Icac, cairão 18% na próxima safra, influenciadas pela China. Altamente estocado, o país deve reduzir as compras quase pela metade.