Título da Libertadores coloca Tite entre principais técnicos do Brasil 05/07/2012
- Agência Estado
Aos 51 anos, Tite escreve seu nome definitivamente entre os principais treinadores do Brasil com o título do Corinthians na Copa Libertadores, vencido nesta quarta-feira, 4. Além da importância natural da conquista, ele será lembrado para sempre por ser um dos responsáveis por acabar com um dos maiores fantasmas do futebol brasileiro, já que o torneio continental era o principal sonho da torcida corintiana.
E Tite é, sim, um dos grandes causadores desta vitória. Chamado de retranqueiro em muitas oportunidades, foi ele quem imprimiu o estilo marcador a este Corinthians, que tem justamente em sua defesa a maior virtude. A invencibilidade ao longo dos 14 jogos da competição só foi conquistada graças à consistência dada pelo esquema de jogo do treinador.
Na equipe de Tite, todos têm alguma função defensiva, principalmente se levarmos em conta a formação que terminou o torneio como titular. Jorge Henrique e Emerson eram os dois atacantes, no esquema 4-4-2, mas não era raro vê-los defendendo, marcando os laterais adversários. Em alguns momentos, como no primeiro jogo contra o Santos, Jorge Henrique chegou a marcar o atacante do rival - no caso, Neymar.
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Foi desta forma, também, que o treinador garantiu uma defesa quase intransponível ao longo da competição. Na fase de grupos, por exemplo, foram apenas dois gols sofridos em seis partidas disputadas.
Mas para chegar a esta conquista e escrever seu nome de vez na história do Corinthians, Tite precisou superar diversos obstáculos. Contratado no final de 2010 para sua segunda passagem pelo clube, o treinador viu seu time sucumbir ao Fluminense e ficar com a terceira colocação do Campeonato Brasileiro daquele ano, depois de ter o título praticamente nas mãos.
Com isso, a equipe acabou indo para a fase preliminar da Libertadores do ano seguinte e foi aí que ele sofreu o golpe mais duro no comando do Corinthians. Diante do inexpressivo Deportes Tolima, o time brasileiro acabou caindo, depois de um empate por 0 a 0 no Pacaembu e uma derrota por 2 a 0 na Colômbia. Para piorar, o técnico foi duramente criticado por suas opções na escalação, principalmente na segunda partida, quando deixou Roberto Carlos de fora e não escalou nenhum meia.
Até hoje o próprio Tite admite que a sua permanência só aconteceu por causa da vitória na partida seguinte, diante do Palmeiras, pelo Campeonato Paulista. Apesar da crise instaurada, o treinador soube se reerguer no comando da equipe e levou-a ao título brasileiro daquele ano.
Com estilo motivador e de fala difícil, o técnico corintiano se tornou um personagem, principalmente em suas entrevistas coletivas, cheias de palavras complicadas. Foi desta forma que ele colocou seu nome no seleto grupo de treinadores brasileiros campeões da Libertadores, se tornando o 12.º a conseguir o feito.
Muito antes, no entanto, ele já havia chegado perto de alcançar este sonho. Em 2001, garantiu o direito de disputar a competição continental com o Grêmio ao vencer a Copa do Brasil, batendo justamente o Corinthians na final. Há dez anos, no entanto, viu o time gaúcho parar na semifinal ao ser derrotado nos pênaltis pelo Olímpia, do Paraguai, em pleno Estádio Olímpico.
Com a conquista desta quarta-feira, Tite confirma-se entre os maiores técnico do País, ao lado de nomes como Luiz Felipe Scolari, Muricy Ramalho e Abel Braga. Para se ter uma ideia da dificuldade de disputar uma Libertadores, Vanderlei Luxemburgo, um dos principais treinadores brasileiros dos últimos tempos, jamais a venceu.
Este foi o segundo título continental do técnico corintiano, que havia vencido a Copa Sul-Americana com o Internacional em 2008. Depois de passar dez anos em clubes de menor expressão no Rio Grande do Sul, no início da carreira, Tite despontou para o futebol no Grêmio. Depois, passou pelo São Caetano, antes de desembarcar no Corinthians para sua primeira passagem, em 2004, quando livrou o time do rebaixamento no Brasileirão. Então, seguiu para o Atlético Mineiro, comandou ainda Palmeiras, Al Ain e Al-Wahda, antes de voltar ao Parque São Jorge.