Bovespa encerra em baixa após cinco sessões de alta 06/07/2012
- G1 com Reuters
O principal índice acionário da Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira (6), após cinco pregões seguidos de alta. Dados fracos de emprego nos Estados Unidos e o custo da dívida de países europeus reacenderam temores sobre o ritmo de recuperação da maior economia global.
O Ibovespa caiu 1,75%, para 55.394 pontos, nesta sexta. No ano, o índice acumula queda de 2,4%. Na semana, há valorização acumulada de 1,91%.
O giro financeiro foi de R$ 4,96 bilhões, abaixo da média diária do ano, de R$ 7,35 bilhões.
PUBLICIDADE
"Os dados nos Estados Unidos vieram um pouco abaixo do esperado, adicionando pressão aos mercados", afirmou o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos. "Também vemos uma correção na Bovespa, com alguma realização de lucros depois dos ganhos nos pregões anteriores."
A economia norte-americana criou 80 mil empregos fora do setor agrícola em junho, abaixo da estimativa de 90 mil vagas, segundo pesquisa da Reuters. O dado reforçou temores de que a recuperação do país estaria perdendo ritmo e ampliou a pressão para que o Federal Reserve (banco central dos EUA) adote novas medidas de estímulo. "O otimismo que tivemos no fim da semana passada diminuiu e o mercado está esperando pelos próximos passos, principalmente do Federal Reserve em sua próxima reunião", disse Brugger.
A alta no custo da dívida da Espanha e Itália também pesava nos mercados. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do governo espanhol superaram 7%, nível considerado insustentável. Na Itália, subiram para quase 6%.
Na bolsa paulista, o feriado em São Paulo na segunda-feira também ajudou a afugentar investidores, segundo operadores.
Ações
A preferencial da Vale recuou 1,53%, a R$ 39,88, e a da Petrobras caiu 2,04%, a R$ 19,20. OGX, do bilionário Eike Batista, teve queda de 0,49%, a R$ 6,10. B2W, que subiu 27% nos cinco pregões anteriores, caiu 6,23% nesta sexta-feira, a R$ 6,62, e foi o destaque de baixa do Ibovespa.
Só dez ações do índice subiram, lideradas por Vanguarda Agro, com alta de 2,78%, a R$ 0,37.
Na semana que vem, as atenções do mercado se voltam para a ata do Comitê de Mercado Aberto do Fed na quarta-feira, que deve sinalizar a chance de novo estímulo à economia dos EUA. O PIB da China e a produção industrial na zona do euro na quinta-feira também devem repercutir nos mercados.
Na cena doméstica, o destaque é a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) sobre a taxa básica de juros, a Selic, com analistas aguardando novo corte de 0,5 ponto percentual, para a nova mínima histórica de 8% ao ano.
"O cenário ainda é bem delicado", afirmou o operador Sandro Fernandes, da Geraldo Corrêa Corretora. "Qualquer notícia um pouco mais negativa é suficiente para fazer o mercado devolver ganhos. Ainda não vemos um movimento firme para a bolsa na próxima semana, o mercado continua operando no intraday."
Dólar termina a semana com leve alta
O dólar fechou em alta ante o real neste sexta-feira (6), diante da notícia de que número de vagas criadas no mercado de trabalho dos Estados Unidos foi menor que o esperado em junho. No Brasil, foi conhecido o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que sofreu forte desaceleração de maio para junho.
A moeda terminou o dia vendida a R$ 2,0265, alta de 0,11% no dia. Na semana, a moeda acumula valorização de 0,83%.
"Depois do relatório da ADP ontem, os mercados esperavam dados um pouco melhores hoje. Como isso não aconteceu, o sentimento foi abalado", afirmou o economista sênior do BES Investimento Flavio Serrano.
Na quinta-feira, o Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que o setor privado dos Estados Unidos criou 176 mil vagas em junho, acima da projeção de 105 mil dos economistas. No entanto, o relatório de emprego do governo, mais detalhado que o da ADP, informou nesta sexta-feira que foram criados apenas 80 mil empregos fora do setor agrícola em junho.
Serrano destacou que o movimento do dólar nesta sessão está ligado ao cenário externo, ofuscando as expectativas acerca de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.