Etiquetagem de edifícios já é realidade 24/07/2012
- André Trigueiro - G1
Estima-se que 45% de toda a energia elétrica produzida no Brasil tenham como destino as edificações. Mal projetadas e ineficientes, elas sempre consumiram muito mais do que o necessário onerando as nossas contas de luz. Até hoje quem sempre se beneficiou dessa cultura do desperdício foram as construtoras que, em sua imensa maioria, jamais priorizaram os ajustes de projeto que poderiam reduzir drasticamente o consumo de energia para usuários de condomínios residenciais,comerciais ou prédios públicos.
O argumento desse segmento do mercado é o de que esses ajustes em favor da eficiência representam um custo adicional no valor final da obra entre 4% e 7%. O que eles não têm coragem de dizer é que esse valor é facilmente amortizado em até três anos pelos ganhos de eficiência. Segundo técnicos da Eletrobrás e do Inmetro, esses ajustes sonegados pelos construtores assegurariam uma redução de até 50% nas contas de luz.
Agora depende de nós obrigar as construtoras (aquelas que ainda não acordaram para a inevitabilidade desse processo que já é realidade em outros países) a realizarem com urgência esses ajustes de projeto. Isso já é possível a partir da etiqueta criada para identificar as edificações eficientes no consumo de energia em todo o Brasil. O Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações – Procel Edifica – produziu uma etiqueta idêntica àquela que há quase 20 anos vem orientando os consumidores a comprarem geladeiras, aparelhos de ar-condicionado, lâmpadas e outros equipamentos elétricos. Quanto mais próximo da letra “A”, mais eficiente. Quanto mais próximo da letra “E”, menos eficiente. Em resumo: o que vale para os eletrodomésticos, vale agora para edificações.
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Segundo o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) 80% dos consumidores definem suas compras de acordo com as informações que aparecem nas etiquetas de eficiência energética. A expectativa agora é que a nova etiqueta para edificações mude as rotinas do mercado imobiliário e determine o aparecimento de uma nova geração de construções mais sustentáveis.
Para obter a certificação, os projetos de edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados a partir de três indicadores importantes:
1) Envoltória (ou fachada): devem evitar o calor ou o frio excessivo na parte de dentro das edificações, funcionando como um isolante térmico.
2) Iluminação: privilegiar a iluminação natural conta pontos importantes.
3) Condicionamento de ar: uma boa ventilação natural reduz o consumo de energia pelo uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. É importante que esses equipamentos sejam certificados, de preferência com selo Procel letra “A”.
Nos edifícios residenciais são avaliados além da envoltória (fachada) os seguintes procedimentos:
1) Sistema de aquecimento de água: quem usa coletores solares conta muito mais pontos do que os usuários de chuveiro elétrico ou boiler. É importante que os equipamentos sejam certificados, de preferência com selo Procel letra “A”.
2) Todos os sistemas presentes nas áreas comuns dos edifícios contam pontos pela eficiência no consumo de energia: iluminação, elevadores, bombas centrífugas etc.
A economia no consumo de energia a partir das recomendações da etiqueta variam de 30% a 50% para as novas edificações. No caso de imóveis antigos que sejam reformados, o ganho de eficiência cherga a 25%. Há ainda a possibilidade de certificar imóveis avulsos, quando o proprietário de um apartamento ou de uma casa resolve realizar sozinho o processo de etiquetagem.
Todos esses processos ainda se encontram em uma fase inicial de ajuste de procedimentos e rotinas. Apenas 22 edificações em todo o país receberam até o momento as novas etiquetas. Por isso é mesmo é preciso divulgar a novidade e transformar o mais rapidamente possível os valores que hoje regem o setor construtivo.
Para se informar melhor sobre o assunto, acesse o link do PROCEL http://bit.ly/9XMLxg