Poucos manifestantes comparecem ao primeiro dia de julgamento do mensalão 02/08/2012
- Nádia Guerleda - Folha Online
No primeiro dia de julgamento do mensalão, poucos manifestantes foram ao Supremo Tribunal Federal na tarde desta quinta-feira (2).
Até às 16h, apenas duas demonstrações de descontentamento haviam sido vistas na Praça dos Três Poderes, em frente do tribunal --que está isolado por grades e protegido por seguranças.
Por volta das 13h, Francisco Lima, um morador de Samambaia (a 35 km de Brasília) amarrou uma faixa nas grades de segurança com os seguintes dizeres: "Ainda bem que temos a Dra. Eliana Calmon para salvar o Judiciário", em referência à corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
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Lima era, então, o único manifestante em frente ao Supremo e se disse "decepcionado" com a ausência de companhia. "Está cheio de funcionário público fazendo manifestação, mas é só para pedir aumento do salário deles", afirmou. Ele estava acompanhado da mulher e disse que tentou chamar amigos pela internet para a manifestação, mas nenhum deles respondeu o convite.
Também acompanhado da mulher, que fazia aniversário, e do filho de 11 anos, o vigilante Uziel de Santos, 36, chegou ao STF vestido com uma cueca por cima da calça, cheia de dinheiro. Santos segurava uma placa que dizia "Mensalão não pode virar cuecão".
Ele disse não acreditar em uma condenação dos réus na ação penal, mas que "justiça será feita" no âmbito eleitoral: "Acredito na punição, que eles não conseguirão concorrer a cargos públicos por muitos e muitos anos. Seria uma lição para os outros".
Santos afirmou ainda que os brasilienses não são interessados na política, motivo pelo qual havia tão pouca gente em frente ao tribunal. "Os jovens estudantes, que têm muito mais cultura e educação do que eu, deveriam vir aqui se manifestar", afirmou o vigilante, que disse ter apenas o ensino fundamental completo.
A cueca que Santos usava tinha notas de cruzeiros, moeda que não vale mais no país. "Eu queria ter trazido R$ 50, mas fiquei com medo de ser roubado, já que achei que ia ter muita gente aqui", disse. Ele afirmou estar decepcionado, mas com uma sensação "gratificante". "Como brasileiro e cidadão, eu me sinto bem. Pretendo voltar aqui sempre que puder enquanto durar o julgamento".
Alguns membros do PSOL, com faixas e bandeiras, entoavam gritos de guerra, ao lado de Lima e Santos, pedindo mais dinheiro para a educação e defendendo a greve das universidades federais. Eles não falaram sobre o mensalão. O PSDB e o PPS afirmaram que devem fazer uma manifestação conjunta em frente ao Supremo a partir das 17h desta quinta-feira.