Mendes Ribeiro diz que veto será feito depois de análise dos ministérios 28/09/2012
- Blog Gerson Camarotti - G1
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, disse ao Blog que o veto da presidente Dilma Rousseff a medida provisória do Código Florestal será feito depois de uma reunião em que será apresentada a posição de todos os ministérios envolvidos com o tema. Em seguida, ele alerta: “Se o veto vier a ocorrer em medidas pontuais, não afetará o todo, o contexto da aprovação do código que, eu repito, é algo extremamente positivo.”
Ele disse ainda que recebeu uma determinação da presidente Dilma para reformular a Conab. Essa mudança deve ocorrer depois das eleições, e deve causar reações no Congresso Nacional. Isso porque o órgão é loteado politicamente. A entrevista foi feita no momento em que o ministro mudou o tratamento quimoterápico que o levou a perder os cabelos.
Leia a entrevista:
PUBLICIDADE
O Congresso Nacional aprovou essa semana o texto da MP do Código Florestal. Houve alterações em relação à proposta original do governo. O que o senhor achou?
– Achei bom, achei bom. Eu fui um entusiasta da tramitação do Código Florestal desde o início, porque foi uma matéria extremamente discutida na Câmara, no Senado. Houve aprovação na Comissão Mista, aprovação na Câmara. Gosto de frisar, que não foi votação por unanimidade, porque a Comissão Mista votou por questão regimental. Não poderia haver nenhuma discordância, porque aí o voto do Luiz Henrique teria problema. Já na Câmara dos Deputados, houve vencidos e vencedores. Houve uma situação diferenciada e com isso algumas correções naquele texto que provocou inicialmente discussão.
A MP foi para o Senado e então a votação também, por acordo. Avançamos e agora tem o veto da presidente. Nós, governo, nos reuniremos e debateremos. Cada ministério vai dar a sua posição e terá posição de governo, que certamente, a presidente Dilma colocará perante opinião pública.
O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que não pode ficar essa briga de cão e gato em relação a um novo veto presidencial. Como o senhor avalia isso?
- Não se trata de briga de cão e gato. Existem posições diferentes. Hoje bem menos posições diferenciadas do que antes. Isso é fruto do debate. Se lembrássemos a guerra do Código Florestal, como ela começou e agora como a estamos vivendo, vamos ver que só avançamos. O Brasil avançou, a segurança jurídica avançou. Não é o código do ambientalista e não é o código do ruralista.
Como eu sempre disse, é o código do bom senso, disse em uma entrevista para ti isso. Lembro-me de quando começou o processo. Vamos continuar avançando para que o Brasil tenha o Código Florestal que há tanto tempo persegue.
A possibilidade de vetos seria uma coisa mais ampla para retomar o texto original ou já haveria uma negociação?
- Mas pouca coisa mudou. Muito pouca coisa mudou. Eu gostaria que as pessoas pegassem a medida provisória da presidente Dilma, aquilo que o Senado votou, e o que a Câmara votou. Vão perceber que as diferenças são mínimas, pontuais. Se o veto vier a ocorrer em medidas pontuais, não afetará o todo, o contexto da aprovação do código que, eu repito, é algo extremamente positivo.
Outra questão que entra na área técnica e política é o abastecimento no país de produtos agrícolas. Como o senhor vê a questão da Conab, no momento em que falta abastecimento de milho, por exemplo? É preciso rever esse sistema?
– Eu não tenho duvida. Nós precisamos investir na Conab. Ela é uma empresa extremamente importante. Agora, ela tem que estar à frente do seu tempo. Ela não pode permitir que nós tenhamos esse trafego de caminhões pelas estradas brasileiras, essa falta de produtos que tanta prejudica o produtor. Tivemos uma greve dos caminhões e dos caminhoneiros e a situação é muito séria em todo o país. Por isso é que nós temos que fazer investimento, política nacional de armazenamento, previsibilidade, é isso que estamos buscando. Essa é uma determinação da presidente Dilma, e vamos fazer.
A Conab é um órgão loteado politicamente. Pode ter resistências no Congresso Nacional?
– O loteamento político é natural da vida democrática. Agora, o que não pode acontecer é ineficiência. O que não pode é a imprevisibilidade para vencer as dificuldades. O que não pode acontecer é acomodação do governante para todos os problemas se repetirem. Nós vamos enfrentar as questões da Conab e vamos fazer o que precisarmos fazer. Isso é determinação da presidente.
O senhor mudou o tratamento quimioterápico. Como foi a conversa com a presidente Dilma? Qual foi a recomendação?
– “Toca a ficha. É do jogo.” É preciso. Eu estava tendo reações colaterais que estavam incomodando, e agora o único efeito colateral é o cabelo. E esse volta, que bom né! Vamos continuar trabalhando.