Palmeiras cria cartilha contra terror 07/11/2012
- Daniel Batista - O Estado de S.Paulo
Seguranças do clube alertam jogadores e diretoria para evitar exposições e arma esquema para Prudente.
Ao entrar na Academia de Futebol, o ar parece ficar um pouco mais pesado. Da porta do CT do Palmeiras para dentro, o clima de terror contagiou jogadores, diretoria e comissão técnica no Palmeiras - o receio de ver o time na Série B só não é maior do que o da reação da torcida em caso de queda. Para evitar conflitos, uma espécie de cartilha foi criada pela segurança do clube, preocupada com possíveis confusões.
O diretor de sede e responsável pela segurança dos atletas, Faustino Caputo, contou que algumas recomendações foram feitas aos atletas e espera que elas estejam sendo seguidas à risca.
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"Foi avisado que não é para os jogadores andarem sozinhos na rua, seja lá onde estiverem. Não é para ir em nenhum tipo de evento que não seja organizado pelo clube e balada, nem pensar!", disse Caputo, em entrevista ao Estado. "É só do CT para casa. Não dá para brincar essa hora. É a integridade das pessoas que está em jogo", completou.
Na madrugada de domingo para segunda-feira, um grupo de torcedores pichou o muro da sede social e da loja oficial do clube fazendo ameaças de morte ao presidente Arnaldo Tirone. Em seguida jogaram bombas de coquetel molotov no estacionamento da Academia. Nenhum carro foi atingido e os jogadores estavam em Araraquara.
Para o jogo em Presidente Prudente, o Palmeiras arma um esquema de guerra. Um grupo de 14 seguranças vai viajar com a delegação e, quando chegarem no interior, serão recebidos por mais uma dezena de seguranças contratados para trabalhar com a equipe até domingo à noite, quando voltam para São Paulo.
O presidente e seu vice, Roberto Frizzo, também terão atenção especial e a segurança já é reforçada, principalmente em dias de jogos fora de casa. O gerente de futebol, César Sampaio, explicou que, por prevenção, foi aumentada a estrutura de segurança do clube nos últimos dias.
"Antigamente viajávamos com quatro seguranças, mas agora estamos com bem mais, praticamente triplicamos, pois tememos pela nossa integridade física e pela dos jogadores. E tudo isso aliado ao efetivo policial local", explicou o dirigente, que também tem sido alvo de críticas por parte dos torcedores.
Mesmo com tanta proteção, alguns jogadores estão com medo. Artur, Juninho, Leandro, Thiago Heleno e Maikon Leite contrataram seguranças particulares para quando não estão no clube. Alguns atletas admitem estarem mais assustados e já chegaram a pedir para o técnico Gilson Kleina não relacioná-los mais para os jogos. "Cada um reage de uma maneira na crise, mas se o jogador está sendo ameaçado, não tem como ele tirar isso da cabeça em campo. Ele fica com receio de errar um passe e alguém tentar agredi-lo", lamentou Kleina, que consegue ser um dos poucos poupados pela torcida. Marcos Assunção, Barcos e Henrique são os outros que não correm perigo.
Antecipar viagem. Kleina vai conversar hoje com Sampaio para falar sobre a possibilidade de antecipar a viagem para Presidente Prudente. A programação inicial prevê que o time fique em São Paulo até sábado, quando treina às 10h e viaja logo em seguida. Para evitar ainda mais exposição, existe a possibilidade de a viagem ser antecipada para quinta ou sexta-feira.