Brasileiras tendem ao exagero em plásticas, diz Jane Fonda 28/11/2012
- Gabriel Perline - O Estado de S.Paulo
Envelhecer não é fácil, mas pode ser prazeroso. É isso que a atriz Jane Fonda, de 74 anos, prega em seu discurso. Em São Paulo para participar do VII Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, realizado ontem no Hotel Transamérica, ela conversou com a imprensa sobre seu novo livro "O Melhor Momento - Aproveitando ao máximo toda a sua vida", a ser lançado oficialmente nesta quarta no mercado nacional.
Jane completará 75 anos em 21 de dezembro - dia em que se promete acabar o mundo -, e de longe aparenta ter a idade registrada em seus documentos. Excesso de plástica? Ela se defende: "Já fiz cirurgia plástica e não sou hipócrita, especialmente por escrever um livro sobre envelhecimento. Não posso negar que tenha feito cirurgia plástica. Entretanto, disse ao meu cirurgião para tirar as bolsas debaixo dos meus olhos e do meu pescoço. Pedi para não tirar minhas rugas dos olhos para não parecer ridícula e também não aplico aquelas injeções que te deixam com lábio de pato. Não quero ficar com cara de idiota, sabe como é? Gente, eu tenho namorado! Não quero deitar na cama e meu namorado falar que meu rosto não combina com meu corpo".
Por falar em cirurgia plástica, a atriz lembrou que as brasileiras são grandes adeptas das intervenções cirúrgicas. "Acho ótimo que estejamos vivendo um momento em que existem maneiras de você parecer com todo aquele frescor, sem exagero, e acho que tem uma tendência no Brasil ao exagero. O País é famoso pelo volume de mulheres que fazem cirurgias plásticas. Hollywood é assustador. Vou fazer compras em Beverly Hills e vejo uma mulher vindo na minha direção e digo: "tem uma mulher ali que acho que conheço, mas não tenho ideia de quem seja. Está tão diferente que eu nem reconheço". Então você precisa ter aparência de quem você é".
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Foi difícil chegar à 3ª idade?
Nunca me preocupei em envelhecer, mas foi um choque. Quando cheguei aos 70 anos eu pensei "uau". Estou mais feliz agora como nunca estive. Todo mundo na minha família é deprimido e aqui estou eu, com 70 anos. Não tenho depressão, me sinto tão bem... Escrevi o livro "O Melhor Momento - Aproveitando ao máximo toda a sua vida", nunca tive medo de envelhecer, mas eu sei que muitas pessoas têm esse temor e eu não quero fazer um romance, dizer que envelhecer é uma coisa legal. Se você é pobre e tiver uma doença triste como o câncer, demência senil ou Alzheimer, tudo isso faz o envelhecimento muito dificil. Não quero minimizar as dificuldades de envelhecer. A maioria das pessoas depois dos 50 anos, inclusive as pessoas que estão doentes, se sentem melhor na 3ª idade. Já entrevistei dezenas de pessoas idosas que não têm medo de morrer. Quando você está longe da velhice é que fica apavorado, sabe? Então, nós, mais velhos, temos que ajudar vocês jovens a não se preocuparem tanto com isso (risos).
Qual sua opinião sobre a reposição hormonal?
A melhor hora de fazer reposição hormonal é na pré-menopausa. Por exemplo, quando se tem entre 45 e 55 anos pode ser um momento muito difícil para as mulheres. Essa terapia de reposição hormonal pode ser muito útil, desde que não haja um histórico de câncer de mama na família e que tenha um médico que possa ver seus dados individuais. É uma coisa muito particular, que às vezes é bom para algumas mulheres e para outras pode ser péssimo.
Eu fiz reposição hormonal por 20 anos, só que no ano passado tive câncer de mama e precisei parar. Mas o que eu faço: uso testosterona. Sabe aquele hormônio masculino? Se uma mulher está em um relacionamento amoroso e quer se manter sexualmente ativa, tem que manter a libido. Testosterona vem em um gel e você precisa de uma receita médica para comprar. Daí, esfrega o gel na coxa e, nossa... É o máximo! Para a relação sexual é ótimo. O que as mulheres mais velhas precisam é de um ginecologista.
Você é um ícone de beleza. Quando se olha no espelho, como você se vê?
Eu olho no espelho e me perdoo. Tudo depende da luz. O elevador neste hotel, vou te contar... Se eu estiver num elevador como este e um homem bonito entrar, sabe o que eu faço? Eu me escondo (risos). Luz de cima, fique longe! Quando você é mais velha e, se é vaidosa, você precisa prestar atenção na iluminação. Em certas luzes eu fico ótima, já em outras fico, digamos, antiga. Então eu tento me divertir com isso e dar risada. Olho para mim e vejo que estou muito feliz. Também vejo que tenho quase 75 anos. E daí?
Não tenho medo de envelhecer mais e não tenho medo de morrer, mas tenho medo é chegar ao fim da vida com muitas lamentações e coisas que eu deveria ter feito e não fiz. Você diz: "poxa vida, eu deveria ter feito tal coisa e não fiz". Procuro viver este último lado da minha vida sem me lamentar. Faça o que precisa fazer antes que seja tarde demais. É nisso que tenho que pensar. Será que tem alguma coisa que eu preciso fazer e que não fiz?
Quanto você investe por mês em sua beleza?
Você não vai conseguir (risos). Teve um ano que gastei mais que um carro 0 km e no ano seguinte não gastei nada para ficar bem. Já fiz cirurgia plástica e não sou hipócrita, especialmente por escrever um livro sobre envelhecimento. Não posso negar que tenha feito cirurgia plástica. Entretanto, disse ao meu cirurgião para tirar as bolsas debaixo dos meus olhos e do meu pescoço. Pedi para não tirar minhas rugas dos olhos para não parecer ridícula e também não aplico aquelas injeções que te deixam com lábio de pato. Não quero ficar com cara de idiota, sabe como é? Gente, eu tenho namorado! Não quero deitar na cama e meu namorado falar que meu rosto não combina com meu corpo.
Acho ótimo que estejamos vivendo um momento em que existem maneiras de você parecer com todo aquele frescor, sem exagero, e acho que tem uma tendência no Brasil ao exagero. O Brasil é famoso pelo volume de mulheres que fazem cirurgias plásticas. Hollywood é assustador. Vou fazer compras em Beverly Hills e vejo uma mulher vindo na minha direção e digo: "tem uma mulher ali que acho que conheço, mas não tenho ideia de quem seja. Está tão diferente que eu nem reconheço". Então você precisa ter aparência de quem você é. Fiz porque toda vez que passava por uma janela me via com a cara cansada. E também porque eu sou atriz. Se faço o papel de uma avó, não posso ficar com uma cara boba. Você fica com uma cara boba quando coloca coisas demais no rosto, enche os lábios... isso é muito feio. Agora, custa muito caro isso né?
Você acha que fez tudo o que queria em sua carreira ou ainda falta algo?
O que eu realmente gostaria de fazer na TV é criar um personagem, uma mulher mais velha, mas que ainda vibra, é engraçada, sexy, e tentar ajudar as pessoas que estão envelhecendo a não ter tanto medo disso. Quando você vê gente envelhecendo na TV ou no cinema são caricaturas, pessoas ridículas. Quero criar uma mulher que esteja envelhecendo bem e que as pessoas digam "eu quero ficar assim".