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DIA A DIA

Arena multiuso não é garantia de lucros após Copa
09/03/2013 - Giancarlo Lepiani - Veja.com

O modelo europeu é um sucesso e deve mesmo ser seguido - mas achar que todos os novos estádios brasileiros serão uma máquina de dinheiro é ilusão.

Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, uma expressão que soa pouco familiar aos ouvidos do torcedor passou a dividir espaço com termos clássicos do esporte no vocabulário do futebol brasileiro.

Agora, além de falar sobre chapéus, carrinhos, craques e gols de placa, quem segue de perto a modalidade mais popular do país discute, com jeitão de especialista em marketing e gestão esportiva, qual clube ou cidade vai ter a melhor "arena multiuso" depois do Mundial.


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O termo ficou consagrado em função do sucesso da nova geração de estádios da Europa e dos Estados Unidos, os grandes campeões quando o assunto é o esporte como negócio.

Erguidos para substituir os antigos palcos do futebol, construídos a partir da virada do século para servir apenas à prática da modalidade, eles são bem diferentes dos estádios do passado: ao invés de priorizar apenas o esporte, são desenhados para atender também aos mais diversos usos, desde shows de grande porte até convenções, cultos religiosos e eventos corporativos.

Essa foi, de fato, uma grande sacada dos especialistas em gestão do esporte para tornar os estádios mais rentáveis, transformando uma pesada despesa (os permanentes custos de manutenção das construções desse tipo) em boa fonte de lucro.

No caso brasileiro, no entanto, recomenda-se conter a euforia e aguardar o fim da Copa antes de comemorar. O país ainda não tem grande experiência na exploração desse modelo de negócio. Além disso, em algumas das cidades-sede, há obstáculos claros para que o exemplo estrangeiro seja importado com sucesso.

Construir uma grande e moderna arena pode ser uma ótima aposta - mas, como em qualquer outro investimento, existe uma margem de risco a ser avaliada. A realização de grandes shows e festivais é o exemplo mais claro disso.

Quando se fala em arena multiuso, o primeiro argumento na defesa dessas obras costuma ser a chance de mobilizar multidões para ver de perto artistas como Madonna, Lady Gaga, Paul McCartney e U2. Esse mercado, porém, ainda é altamente volátil.

Depois de alguns anos muito bons, os megashows estão em crise no país. Para complicar, os altos custos de produção - e, consequentemente, os preços salgados dos ingressos - costumam inviabilizar sua realização em cidades de menor porte.

Nem mesmo São Paulo, a capital mais rica e populosa do país, tem esgotado os bilhetes para apresentações das estrelas do pop. Mesmo que consigam lotar os estádios, os shows ocorrem com frequência relativamente baixa. Depender só disso para pagar as contas pode significar a criação de um estádio deficitário depois da Copa.

Outras possíveis alternativas para alavancar as receitas são os eventos de cunho religioso e as ações corporativas. Alugar o estádio para megacultos ou grandes empresas é uma boa forma de manter a arena em atividade.

Da mesma forma que nos shows, porém, a chance de êxito nesses quesitos vai depender muito do tamanho da cidade-sede, da qualidade das instalações oferecidas aos clientes e até do momento da economia.

O outro uso consagrado das arenas modernas no exterior é a transformação do estádio num centro de consumo e entretenimento não apenas em dias de jogos, mas durante toda a semana.

De novo, uma aposta que depende de muitos fatores: a localização da arena, a oferta de serviços da nova praça esportiva e, principalmente, o atrativo para o torcedor-consumidor.

Nos casos de sucesso espalhados pela Europa, é o fanatismo pelos clubes que costuma levar o público a frequentar os restaurantes e lojas instalados nos estádios. Entre as doze sedes brasileiras da Copa, apenas uma minoria é de propriedade privada.

Com exceção do Maracanã, que será uma atração por si só, muitos dos estádios bancados por verbas públicas podem ficar sem essas receitas, já que não terão clubes com grandes torcidas como seus ocupantes fixos - e, portanto, não devem oferecer lojas especializadas e museus temáticos aos torcedores mais fanáticos.

Elefantes brancos

Obras atrasadas, orçamentos estourados e escassez de investimentos privados marcaram a empreitada brasileira para construir os palcos da Copa do Mundo de 2014.

Para alívio dos organizadores, porém, os estádios deverão estar prontos, ainda que em cima da hora (e, em alguns casos, ainda perigosamente incompletos no ensaio geral para o Mundial, a Copa das Confederações).

Superado esse desafio, o país terá de encarar outra grande encrenca, talvez até maior: a administração e conservação das modernas arenas erguidas para o torneio.

Os especialistas alertam que os custos de construção são apenas uma fatia do valor consumido por um novo estádio durante suas primeiras décadas de existência.

Ou seja, a longo prazo, gerenciar e preservar uma construção desse tipo custa até mais caro que erguê-la.

Resultado: o Brasil ainda gastará muito dinheiro com os estádios, mesmo depois de 2014. Para complicar, pelo menos cinco cidades-sede terão arenas que dificilmente serão utilizadas com a frequência necessária para pagar as contas.

O contribuinte brasileiro precisa estar preparado desde já. Afinal, nove dos doze estádios da Copa são empreendimentos públicos, o que abre uma perspectiva preocupante.

É bastante provável que muitos estados carreguem o peso dos gastos com a Copa por anos a fio, sem que o retorno pela realização das partidas do torneio seja suficiente para fechar a conta.

Longe disso, aliás: o fluxo de visitantes atraídos por três ou quatro jogos num período de um mês certamente será insuficiente para recompensar os cofres públicos pela gastança.

Não era isso que se prometia, evidentemente, quando o Brasil foi escolhido para sediar o Mundial, em 2007.

O então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, anunciava ao povo brasileiro a "Copa do Mundo da iniciativa privada", garantindo que atrairia investidores interessados em erguer as arenas sem qualquer envolvimento das três esferas de governo.

A afirmação já despertava profunda desconfiança, é claro. Mas poucos esperavam que a realidade seria tão distante da promessa. Apenas os estádios do Internacional (Beira-Rio), do Atlético-PR (Arena da Baixada) e do Corinthians (Itaquerão) não foram bancados pelos cofres públicos - e, mesmo nesses casos, o papel do governo foi decisivo, através da concessão de incentivos e empréstimos.

A escassez de interessados em construir ou reformar as arenas brasileiras já era uma pista do problema que será enfrentado pelo país a partir de 2014.

Fossem negócios imperdíveis, com generosas margens de lucro e fluxo constante de receita, os novos estádios certamente despertariam a cobiça do setor privado.

Não foi o caso - e não é difícil notar o motivo. Entre as nove cidades-sede com arenas bancadas pelo dinheiro público, quatro não cumprem o requisito básico para abrigar um estádio de futebol caro e moderno: Brasília, Cuiabá, Natal e Manaus simplesmente não têm clubes e campeonatos capazes de encher as arquibancadas e garantir a utilização constante da construção.

Outras duas cidades, Fortaleza e Recife, têm times com grandes torcidas e costumam sediar jogos importantes, mas ainda assim não têm como garantir que suas novas arenas serão bem aproveitadas, por causa de deficiências nos projetos e incertezas em relação ao uso das instalações pelos clubes locais.

O caso de Recife é mais delicado, já que a Arena Pernambuco fica fora da capital, no município de São Lourenço da Mata, e a utilização do estádio dependerá das facilidades oferecidas ao torcedor para que ele frequente o local (e, até agora, elas não são muitas, já que as obras viárias estão incompletas).

As outras três sedes com estádios públicos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, não deverão ter problemas para manter as arenas ocupadas. Isso não significa, porém, que seu aproveitamento tenha sido bem planejado.

O Maracanã abriu a concorrência para a administração privada do estádio apenas na semana passada, com um prazo apertado demais - e que provavelmente culminará num negócio muito mais vantajoso para a empresa vencedora do que para o poder público.

Os termos da concessão são extremamente atraentes para quem assumir a administração do estádio (tanto que o número de interessados só cresce desde que o governo lançou o edital).

No caso do Mineirão, apenas um dos grandes clubes da capital, o Cruzeiro, deve adotar o estádio como sua casa.

O Atlético-MG reclamou dos valores e dos termos propostos para que o time mandasse seus jogos no grande palco da cidade. Avisou que prefere seguir jogando no Independência (que foi reformado com verba do governo estadual e hoje é administrado pela empresa paulista BWA).

Em contraste com todas as confusões que cercam os estádios públicos, nas três cidades-sedes com projetos privados para a Copa não há qualquer dúvida sobre o futuro desses empreendimentos. Inter, Corinthians e Atlético-PR terão estádios quase sempre cheios - e, a não ser que seus dirigentes façam grandes barbeiragens na administração, eles serão muito rentáveis.

Tanto os estádios públicos como os privados devem seguir um cálculo inescapável nas próximas décadas.

A longo prazo, o preço de uma grande obra não se resume ao valor aplicado na construção: ele deve incluir também os gastos necessários para mantê-la em ordem.

De acordo com o Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), a obra em si geralmente corresponde a entre 17% e 20% do total gasto nos primeiros cinquenta anos de uma edificação.

Isso serve para qualquer construção. No caso dos estádios, porém, essas despesas adicionais são ainda mais inevitáveis, pela própria característica dessas edificações - e pelo fato de que não se pode arriscar a segurança de dezenas de milhares de pessoas com um trabalho ineficaz ou negligente de preservação.

Tomando-se como base as últimas estimativas de preço dos estádios públicos da Copa, as obras de construção e reforma dessas arenas somarão pelo menos 5,7 bilhões de reais (quando se incluem os privados, chega-se a quase 7 bilhões).

Nas próximas cinco décadas, porém, esses projetos deverão consumir um montante bem maior, com um custo de manutenção e preservação de mais de 27 bilhões de reais - e um custo total de até 33 bilhões de reais.

Se os estádios são tão caros e algumas das cidades parecem não ter meios de mantê-los sem desperdiçar dinheiro, o que levou, afinal, o Brasil a indicá-las como sedes?

Como é de costume no país, culpa da política, que sobrepujou o bom senso e colocou o gasto perdulário de dinheiro público em segundo plano. Houve esforço de sobra para contemplar aliados e atender a interesses muito distantes do futebol.

Nas últimas Copas, alguns países-sede - Estados Unidos (1994), França (1998) e África do Sul (2010) - precisaram de apenas nove cidades para realizar um bom torneio, sem apertos nem grandes problemas logísticos.

O caso dos americanos, aliás, ilustra bem a comparação com o exagero brasileiro: mesmo num país de dimensões continentais e onde há dezenas de estádios de grande porte já prontos - nenhuma outra nação tem tantas arenas esportivas de alto nível -, nove sedes foram o bastante para o Mundial.

Para preservar os bolsos do cidadão brasileiro, melhor seria se a Copa de 2014 seguisse essa mesma receita. Agora, no entanto, já é tarde demais - e a conta dos elefantes brancos será repassada aos nossos filhos e netos.


  

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