Os 115 cardeais eleitores, que se reúnem pelo segundo dia nesta quarta-feira na Capela Sistina, ainda não elegeram o próximo papa. Mais uma vez, a fumaça negra saiu da chaminé instalada no teto da capela - na primeira votação, realizada na terça-feira, o resultado também foi inconclusivo.
Após as duas votações que ocorreram nesta manhã, estão previstas mais outras duas para o período da tarde.
Para que o novo pontífice seja escolhido, é preciso que um nome alcance maioria de dois terços, ou 77 votos. Quando o nome do pontífice for finalmente escolhido - o que pode acontecer ainda nesta quarta-feira -, uma fumaça branca sairá da chaminé da capela, anunciando a novidade para os devotos. Muitos deles se reúnem na Praça São Pedro e aguardam ansiosamente pela nomeação.
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Contexto
Um conclave realizado com o antigo papa ainda vivo é uma novidade para os cardeais no Vaticano, mas este ano, o conclave que escolherá o sucessor do agora papa emérito Bento XVI tem outra situação incomum. As reuniões preparatórias giraram em torno de temas incômodos para o Vaticano, como as irregularidades no Banco do Vaticano e a descoberta de chantagem envolvendo altos integrantes da Cúria que participavam de orgias homossexuais. Houve discussões sobre a divulgação do conteúdo de um relatório com informações sobre os problemas internos da Cúria aos cardeais – a expectativa é que apenas o futuro papa tenha acesso ao documento.
Os cardeais americanos foram os mais insistentes, mas depararam com a resistência dos cardeais da Cúria, liderados pelo ex-secretário de Estado Tarcísio Bertone. Apesar da tentativa do camerlengo de esconder os desmandos no Vaticano, muitas informações foram publicadas por jornais italianos. Para alguns cardeais, ter acesso ao conteúdo completo da apuração encomendada por Bento XVI a três cardeais de sua confiança poderia influenciar seu voto, já que uma das características apontadas como essenciais para o próximo pontífice é a habilidade de gerir problemas e conhecimento sobre a Cúria Romana para poder reformá-la.
Segredo
O processo de escolha do novo papa é envolvido em muito segredo. O próprio termo “conclave” decorre da ideia de que os cardeais são trancados (“com chave”) no interior da Capela Sistina para a votação. Os funcionários que prestarão assistência aos cardeais durante o conclave (cozinheiros, faxineiros, médicos, enfermeiras) tiveram de fazer um juramento de sigilo sobre o que ocorre na assembleia. Violar o segredo resulta em excomunhão.
Os cardeais também fazem um juramento de sigilo e não podem ter contato nenhum com o mundo exterior – não podem ler jornais, acessar a internet, usar celulares. Um sistema para bloquear o sinal dos aparelhos e impedir o uso de redes sem fio foi instalado no Vaticano. A aparelhagem visa evitar o que aconteceu em 2005, quando um cardeal vazou a informação de que Joseph Ratzinger havia sido eleito e um canal alemão espalhou a notícia antes do famoso anúncio Habemus Papam.