DIA A DIA

Verdadeiro poder é o serviço, diz papa em missa inaugural
19/03/2013 - Rodrigo Vizeu - Veja.com

Famoso por improvisar durante suas homilias, o papa Francisco preferiu não sair do script nesta terça-feira, durante a missa que marcou o início de seu pontificado. Ao falar aos fiéis e representantes oficiais de 132 países presentes à Praça de São Pedro, o sumo pontífice mostrou-se contente por assumir oficialmente o cargo no dia de São José, patriarca da Sagrada Família e guardião da Igreja Católica. Toda a homilia foi baseada na história do santo: Francisco disse que vai inspirar-se nas virtudes de São José e excercerá seu pontificado com humildade.

“Hoje, nesta solenidade de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, sucessor de Pedro, que envolve também um poder. Mas do que se trata esse poder? Jamais nos esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo Final: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão.”

O pontífice aproveitou a presença de 132 delegações oficiais para pedir que as pessoas com cargos de responsabilidade também sejam “guardiões da criação” de Deus.


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“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos guardiões da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”.

Entre os chefes de estado presentes, estão a presidente Dilma Rousseff, a chanceler alemã Angela Merkel, o vice-presidente americano Joe Biden e a presidente argentina Cristina Kirchner, que teve um encontro com o papa na manhã de ontem.

O pontífice não deixou de fazer menção a São Francisco de Assis, inspiração para a escolha de seu nome papal, e que nutria respeito por todas as criaturas de Deus. Antes do início da celebração, Francisco foi recebido pelos patriarcas das igrejas católicas orientais e rezou perante o túmulo de São Pedro, primeiro pontífice da Igreja. Francisco dirigiu-se, então, ao altar colocado na Praça de São Pedro e recebeu o pálio e o anel do pescador, símbolos de seu pontificado. O anel representa São Pedro com as chaves do reino de Deus e vem com o nome do pontífice gravado em latim. O modelo em prata já foi proposto a um de seus antecessores, Paulo VI (1973-1978).

Ontem foi divulgado o brasão escolhido pelo pontífice, que trará como lema “O olhou com misericórdia e o elegeu", em referência a uma passagem do Evangelho em que Cristo escolhe um pecador para segui-lo. "O papa está dando uma indicação clara de seu foco na misericórdia", disse o padre Lombardi. O desenho do escudo é muito parecido com o que era utilizado por Jorge Mario Bergoglio durante o arcebispado, com o emblema da Companhia de Jesus sobre um sol.

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