Ambientalistas pedem a preservação do Cerrado e da Caatinga 26/04/2013
- Globo Rural
Um terço do território brasileiro é ocupado pela caatinga e o cerrado, dois biomas que estão presentes em 14, dos 26 estados brasileiros.
Para preservar essas vegetações que têm sofrido bastante com a ação do homem, ambientalistas querem que os deputados aprovem uma PEC - Proposta de Emenda à Constituição - que as inclua na lista de patrimônio nacional.
“Mais de 50% da caatinga e mais de 50% do cerrado já foram desmatados, nós precisamos de políticas públicas, não que impeçam a produção agrícola ou agropecuária, mas que transformem esta produção com a perspectiva de futuro”, diz Rodrigo Castro, coordenador da Associação Caatinga.
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Pela constituição, apenas a floresta amazônica, a mata atlântica, a serra do mar, o pantanal mato-grossense e a zona costeira fazem parte do patrimônio nacional. A inclusão do cerrado e da caatinga vai garantir a essas áreas um planejamento sobre uso sustentável e mais rigor na fiscalização.
A proposta de emenda à Constituição já teve o parecer favorável da comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Foi aprovada no Senado, mas ainda precisa passar por votação no plenário da Câmara.
O presidente da comissão de Meio Ambiente, deputado José Luís Penna, está otimista com a aprovação do projeto e acredita que a Câmara vote o assunto já na segunda-feira (29).
"PAU DE ABELHA"
Uma arte feita com talento e muita precisão, transformar pedaços de madeira em santos é vocação conhecida em Ibimirim, no sertão de Pernambuco.
Artesão de mão cheia, Manoel Cordeiro virou mestre e incorporou o ofício ao nome: Manoel Santeiro ensina o que aprendeu por curiosidade e paixão.
Aos onze anos de idade, Edilberto Trindade tirou as primeiras lascas da madeira. Hoje, vive da habilidade que desenvolveu como aprendiz e quer levar adiante a tradição.
O desaparecimento da umburana no sertão tem preocupado os santeiros.
Durante anos os santeiros retiraram a matéria-prima da caatinga. A umburana era abundante na região. O problema é que está cada vez mais difícil encontrar a madeira que sustenta uma tradição de mais de 50 anos.
Os santeiros não querem ficar de braços cruzados enquanto as umburanas vão desaparecendo. No quintal, o mestre Manoel Santeiro, cultiva 800 mudas e espera um local onde possa plantá-las.
Não são apenas os santeiros que precisam da umburana. Essa árvore é importantíssima para a sobrevivência de várias espécies de abelhas nativas da região. Não é à toa que a umburana é chamada de "pau de abelha".
O tronco da árvore é oco e lá dentro, elas adoram construir os ninhos.
Nestes tempos difíceis de seca, as abelhas permanecem no sítio porque encontraram um pequeno açude e flores por perto.
Uma vez instaladas num tronco, as abelhas não mudam mais de endereço. Se a árvore for derrubada, o enxame estará condenado a morte, um crime, que infelizmente acontece com frequência. Na estrada em Ibimirim, um caminhão partia lotado com árvores da caatinga destinadas a virar lenha.
O desmatamento também é provocado pelas queimadas, uma prática antiga, que prejudica o solo, mas que ainda é usada para abrir novos terrenos para o plantio.
A umburana está desaparecendo junto com a caatinga, que é o único bioma que só ocorre no Brasil. Quase a metade da mata branca, que reveste 60% da região Nordeste, já foi devastada.