Polícia prende 70 saqueadores de trens de soja no interior de São Paulo 03/05/2013
- José Maria Tomazela - O Estado de S.Paulo
Trens carregados com soja viraram alvo de saqueadores em Santa Adélia, na região norte do Estado de São Paulo, a 371 km da capital.
A linha integra o corredor de exportação da soja e escoa o grão produzido em Mato Grosso e outros Estados do centro-oeste para o Porto de Santos. Pelo menos vinte vagões foram atacados nos últimos seis meses, segundo a Polícia Civil.
Numa operação de busca, policiais deram buscas em mais de 50 casas e recuperaram 800 sacas de soja escondidas, à espera de receptadores. Até a tarde desta sexta-feira, 3, mais de 70 pessoas tinham sido indiciadas por furto de soja.
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De acordo com o delegado do município, João Wagner Bertoncello, os trens passaram a ser atacados quando paravam em dois desvios para liberar a linha principal para a passagem de outras composições.
Os criminosos rompiam o lacre dos vagões e faziam com que os grãos caíssem na linha. Quando a composição seguia, eles recolhiam a soja e a destinavam aos compradores.
A empresa que administra a ferrovia reduziu o uso do desvio, mas os trens passaram a ser atacados mesmo em movimento, quando reduziam a velocidade para transpor a área urbana.
"O maquinista muitas vezes não percebia e seguia com a soja derramando na linha", contou o policial civil José Eduardo Aguiar. A soja que fica pelos trilhos, quando apodrece, vira um problema ambiental.
A quantidade de soja esparramada é tanta que, em alguns trechos, o grão chegava a cobrir os trilhos. Na cidade de 14.333 habitantes, recolher soja na ferrovia passou a ser uma atividade lucrativa.
Alguns saqueadores terceirizavam o serviço, pagando para outras pessoas fazerem a coleta. "Boa parte da população se envolveu nessa ação criminosa", disse Aguiar.
Na busca, os policiais encontraram cômodos inteiros de algumas casas lotados com sacos de soja. Uma delas tinha 150 sacas ocupando o quarto e a sala.
Foram apreendidas também ferramentas usadas para arrombar os vagões. O delegado informou que a maioria dos indiciados responderá por furto qualificado. "A investigação, agora, busca identificar e prender os grandes receptadores", disse.
Saqueadores de trens de carga têm agido também em Sorocaba. Nos três primeiros meses deste ano, 840 toneladas de arroz, 500 de cimento e 50 de açúcar foram furtadas em 11 vagões atacados por grupos de até 200 pessoas.
Os saques ocorreram no trecho em que a ferrovia atravessa o Jardim Nova Esperança, antiga favela da cidade. Nas últimas semanas, com o aumento da fiscalização, os saqueadores deixaram de agir.