Mercado cogita novas ações do governo para frear alta do dólar 11/06/2013
- Veja.com
O dólar fechou cotado a 2,14 reais nesta segunda-feira, depois de bater 2,16, a maior cotação desde abril de 2009, mesmo após dois leilões de venda da moeda americana pelo Banco Central do Brasil.
A subida corrobora a tendência de alta do dólar ante a expectativa de mudança da política monetária dos Estados Unidos - o Federal Reserve cogita reduzir seu programa de recompra de títulos públicos e tal movimento poderá reduzir a liquidez no mercado financeiro global.
Diante de tal cenário, não só o real, mas grande parte das divisas do mundo têm perdido valor ante a moeda americana.
PUBLICIDADE
Ontem, todas as moedas latino-americanas perderam valor ante o dólar.
A moeda americana também se valorizou 1,5% em relação ao iene e fechou estável em relação ao euro.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, o fortalecimento da moeda americana poderá pressionar ainda mais o governo brasileiro para que as travas que impedem a entrada de capital externo no país, via mercado financeiro, sejam retiradas.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o fim do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa no país. A alíquota anterior era de 6%. O movimento de retirada das travas remonta ao final de 2012, quando teve início a trajetória de desvalorização do real.
Apesar da recente queda do imposto, ainda há uma alíquota de 1% que incide sobre operações no mercado de derivativos feitas por investidores estrangeiros. Na última semana, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, se reuniu com o ministro Mantega para discutir, entre outros pontos, a questão do IOF. Na saída do Ministério, falou a jornalistas que a retirada do imposto sobre investimentos em derivativos "seria positiva para o mercado". Contudo, Pinto evitou se indispor com o governo e afirmou que o ministro sabia o que fazia.
Na avaliação do economista da Gradual Corretora, André Perfeito, o governo pode até retirar novas travas do mercado cambial, mas elas surtirão pouco efeito. "Há motivos domésticos e externos para o real se depreciar. No caso interno, o que mais contribui é a piora da economia. No cenário externo, a expectativa do fim do quantative easing nos EUA. Isso significaria aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e pode levar o capital para lá", afirmou Perfeito.
O economista, contudo, acredita que, devido à imprevisibilidade da atuação do governo, a queda do IOF não será uma surpresa - mas poderá ser "queima de cartucho". "Como o cenário interno fraco e o exterior esperando fim dos estímulos dos EUA, o dólar deve se manter alto. Mexer no câmbio agora é cedo", diz.