Manifestação em Cuiabá reuniu cerca de 30 mil pessoas, calcula PM 21/06/2013
- Renê Dióz - G1/MT
Grupo seguiu em passeata da Prefeitura de Cuiabá até a Assembleia. Manifestação foi pacífica na maior parte do trajeto de cerca de 6 km.
Aproximadamente 30 mil pessoas tomaram as ruas de Cuiabá na tarde de ontem, marcada por manifestações em todo o país. O número é uma estimativa da Polícia Militar, que sobrevoou a cidade de helicóptero e acompanhou a movimentação desde seu começo na Praça Alencastro (centro da cidade, em frente à Prefeitura) até o encerramento no prédio da Assembleia Legislativa (AL), a cerca de seis quilômetros de distância do início da passeata, onde ocorreram alguns princípios de tumulto e depredações.
Na capital mato-grossense, o protesto serviu para a população expressar uma indignação abrangente: contra as condições do transporte coletivo na cidade; contra os gastos do governo com a realização da Copa do Mundo de 2014 em detrimento dos investimentos em saúde, educação, mobilidade urbana; contra a proposta de emenda constitucional 37 (PEC 37, que retira o poder de investigação do Ministério Público); contra a violência policial; contra a permanência do deputado estadual José Riva (PSD) na Assembleia Legislativa; contra a corrupção em geral; pela reforma política e outros.
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Passeata
Com cartazes, faixas e bandeiras do Brasil, o grupo de manifestantes saiu da Praça Alencastro às 17h e desceu a Avenida Getúlio Vargas para tomar a Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha).
Parte do grupo resolveu sair da Praça Alencastro e passar por outras regiões centrais, subindo a Avenida Getúlio Vargas com direção à sede da Secretaria Extraordinária da Copa 2014 (Secopa) para depois ocupar a Praça 8 de Abril, descer a Isaac Póvoas e adotar o roteiro com direção à AL.
Na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (do CPA) os manifestantes já estavam em maior número. Eles tomaram os dois lados da via, que consistiu no maior trecho da passeata, cujo ponto final foi o prédio da AL.
Parte do comércio fechou as portas à medida que a manifestação avançava e alguns funcionários dos estabelecimentos aderiram à passeata. A cada quilômetro, mais pessoas se juntavam à massa popular gritando palavras de ordem. O trânsito acabou interrompido na maior parte do trajeto e alguns condutores pararam os veículos para aplaudir ou fotografar a movimentação. A eles, os manifestantes diziam que também eram explorados e que também deviam se juntar ao protesto.
Em alguns momentos do longo do trajeto, o grupo à frente dos demais se organizava em cordão, sustentando faixas. Ao passar pela Praça Ulisses Guimarães, o grupo entrou na Avenida André Maggi até chegar à frente do prédio da AL. No trecho, houve uma rápida manifestação em frente ao prédio da empresa do senador Blairo Maggi (PR).
AL
Na frente da AL, os manifestantes se depararam com uma fileira de policiais a postos diante da entrada principal. O grupo ocupou a área e logo começar a cantar trechos do Hino Nacional e a entoar palavras de ordem pedindo a saída e a prisão do deputado Riva, representado também por um boneco de cartolina. “Este é o primeiro aviso do povo no poder”, bradaram os manifestantes. Mensagens contra Riva foram pichadas no prédio da AL e algumas vidraças ficaram trincadas.
Imagens com conteúdo contrário ao parlamentar também foram projetadas em uma das paredes do prédio do Instituto de Memória do Poder Legislativo, logo ao lado. Ali, um grupo chegou a atacar vidraças do Instituto e tentou retirar a placa de identificação do prédio, no que foi impedido por líderes da maioria dos manifestantes, contrários aos atos de vandalismo. Minutos depois, foi ateado fogo em uma caçamba repleta de entulhos de construção; as chamas logo foram contidas pelos próprios manifestantes – entretanto, a fumaça permaneceu forte no local até a chegada do Corpo de Bombeiros, por volta das 21h.
Bandeira
Como último ato simbólico do protesto, os manifestantes cercaram o espelho d'água da AL e hastearam nos mastros à frente do prédio uma gigantesca bandeira nacional, com cerca de 10 metros de largura, no lugar onde geralmente ficam as bandeiras oficiais do estado de Mato Grosso, do Brasil e do Mercosul. A cada movimento produzido pelo vento, os manifestantes espalhados pelo gramado da AL aplaudiam.
A partir deste momento, alguns líderes do movimento continuaram a bradar as palavras de ordem e a fazer chamamentos para manifestações futuras até as 20h30, quando os manifestantes já começaram a se dispersar e o trânsito no local voltava a fluir. A esta altura, a massa já havia se dividido em três – na rua de acesso e em frente à entrada principal da AL, nos gramados ao lado do Instituto de Memória e em frente ao estacionamento.
A maioria dos manifestantes recolheu o material usado para protestar e foi embora a pé, mas foi grande a quantidade de lixo deixada no entorno da AL. Assim que os últimos manifestantes deixaram a entrada da AL, os 150 policiais que controlaram a região deixaram a formação e reabriram o prédio.
Protestos
O protesto desta quinta-feira foi o terceiro ato político popular de realizado em Cuiabá esta semana. No domingo (16), um grupo decidiu protestar durante a Caminhada No Clima da Copa, realizada pela Secopa. Eles percorreram cerca de dois quilômetros do Museu do Rio, no bairro Porto, até o local onde está sendo construída a Arena Pantanal, que vai sediar quatro jogos na Copa do Mundo de 2014.
Na quarta-feira (19), cerca de 3 mil pessoas, de acordo com a organização do protesto, percorreram as avenidas Getúlio Vargas, Isaac Póvoas e Tenente Coronel Duarte para cobrar melhorias no transporte público, redução da tarifa e passe livre irrestrito.