Soja: margem menor em 2013/14 acentua peso do gargalo logístico em MT 13/11/2013
- Agência Estado
Os gargalos logísticos terão um peso muito maior para os produtores de soja na safra 2013/14, por causa da redução das margens do setor, provocada pela alta de 36,6% nos custos de produção a pela acentuada queda das cotações na Bolsa de Chicago, que atingiram picos de US$ 16/bushel e hoje oscilam na faixa de US$ 12,50/bushel.
O alerta é o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, que hoje tomou posse na Câmara Setorial da Soja, vinculada ao Ministério da Agricultura.
Após seis anos sucessivos de margens positivas, o momento atual é de cautela por parte dos produtores de soja, por causa do aumento do custo de produção da soja em Mato Grosso, que atingiu nesta safra o recorde de R$ 2,6 mil por hectare, que equivale a R$ 52/saca, considerando uma produtividade média de 50 sacas de 60 quilos por hectare.
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Silveira diz que os compradores, que chegaram a arrematar lotes a R$ 50/saca, oferecem atualmente R$ 45/saca pela soja para entrega após a colheita, o que sinaliza para margens negativas na maioria dos casos, ainda que algumas regiões do Estado projetem um rendimento de até 55 sacas por hectare.
O Imea estima que até o mês passado os produtores de Mato Grosso comercializaram antecipadamente 41,4% da soja que está em fase final de plantio, desempenho abaixo dos 63,1% do mesmo período do ano passado.
Glauber Silveira diz que a principal preocupação dos produtores é com a logística, que pode vir a comprometer ainda mais as margens, porque o cenário não deve ser tão favorável nos próximos anos.
"Na cabeça de todo mundo está uma fábula de rentabilidade, quando na verdade a realidade é outra", diz o dirigente, ao criticar o fato de o governo não ter realizado os investimentos necessários para redução do frete, como a construção de portos.
Ele afirmou que alguns analistas sinalizam com preços em Chicago na faixa de US$ 12/bushel nos próximos três anos.
"O que é preocupante, pois teremos que ajustar os preços e os custos de produção", disse.
Silveira lembra que quanto menor for a cotação da soja em Chicago maior será o peso do frete no escoamento da safra. Pelas contas dele, as cotações da soja no interior de Mato Grosso deveriam estar pelo menos R$ 5/saca acima dos valores atuais.
Entretanto, diz ele, as tradings que perderam dinheiro no ano passado com a alta do frete agora estão repassando os prejuízos para o preço de compra da soja. "Jogaram o custo para dentro do produto", reclama o dirigente.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, a expectativa de colheita de uma safra de soja de 89 milhões de toneladas de soja, anunciada na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve ser revista. Ele disse que os prejuízos provocados pelo clima devem reduzir em pelo menos 5% o potencial de produção das lavouras.
"Eu inicialmente tinha expectativa de colher 60 sacas/hectare e hoje estimo 57/sacas", afirmou o produtor que cultiva soja em Campos de Júlio, município do oeste de Mato Grosso. "Além disso, ainda existe o risco das pragas (lagartas) e doenças (ferrugem), que vão jogar as estimativas para baixo", prevê.
Soja safrinha
Glauber Silveira afirmou que a Aprosoja Brasil deve divulgar uma nota técnica nos próximos dias contra o cultivo da soja safrinha, isto é, um segundo plantio da oleaginosa logo após a colheita da safra de verão.
Ele fez a declaração ao comentar a intenção de produtores, principalmente em Mato Grosso, em optar por um segundo plantio de soja, devido aos baixos preços do milho, que desestimulam o cultivo do cereal semeado a partir de janeiro.
Silveira afirmou que a entidade defende um zoneamento agrícola que proíba o cultivo sucessivo de soja e estabeleça um vazio sanitário por um prazo maior, para evitar a disseminação de pragas e doenças, como lagartas e a ferrugem. "O produtor não deve plantar só pensando em lucro, quando pode gerar prejuízos para terceiros", diz ele.