Maioria dos blocos encalha em leilão de gás da ANP 28/11/2013
- Veja.com + Estadão
A 12ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) arrecadou 165,196 milhões de reais em bônus de assinatura, de acordo com dados da agência.
Durante o evento realizado esta quarta, no Rio de Janeiro, foram ofertados 240 blocos para exploração de gás em terra, distribuídos em sete bacias.
Do total, apenas 72 foram arrematados, ficando a maioria deles com a Petrobras, que levou 49 sozinha ou em forma de consórcio.
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Entre as sete bacias ofertadas, a que teve mais sucesso foi a de Sergipe-Alagoas.
Já as Bacias São Francisco e Parecis não receberam nenhuma proposta.
Além dessas, foram ofertados blocos das bacias de Parnaíba, Acre-Madre Dios, Paraná e Recôncavo.
Na Bacia do Parnaíba, dos 32 blocos ofertados só um recebeu proposta e na Bacia do Acre, dos nove blocos ofertados, só um foi arrematado.
Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, afirmou em coletiva que a existência de um poço seco no norte da Bacia de São Francisco pode ter assustado investidores. Por isso, é possível que o local fique de fora das próximas rodadas.
Sobre a Bacia de Parecis, a executiva disse que a agência fará novos estudos geológicos. "Entendo que é preciso fazer um plano plurianual de geologia melhor. Não ter oferta nesse ano não quer dizer que a bacia nunca mais vai ter oferta. Quer dizer que as empresas entenderam que, no estágio de crescimento da bacia, é preciso ter mais dados", disse a diretora.
A ANP ainda não divulgou a lista de todas as empresas que saíram vencedoras do processo licitatório, mas esclareceu que apenas quatro estrangeiras arremataram blocos.
São elas, a colombiana Alvopetro, a francesa GDF Suez, a Geopark (Bermudas) e a Trayectoria (Panamá).
No total, 21 empresas estavam habilitadas para participar do certame, sendo onze estrangeiras.
A Petrobras ganhou sozinha um bloco na bacia Acre -- Madre de Dios e sete blocos na Bacia Sergipe- Alagoas.
Outros quatro blocos na Bacia Sergipe-Alagoas foram adquiridos em parceria com a brasileira Nova Petróleo.
Cada uma detém 50% de participação acionária no consórcio. Com isso, a estatal conquistou onze blocos na Bacia do Sergipe-Alagoas.
A ANP ainda não confirmou quanto dos 165,2 milhões de reais serão pagos pela estatal. Cálculos da agência Reuters estimam um pagamento na ordem de 120 milhões de reais.
A 12ª Rodada reuniu sete bacias sedimentares localizadas nos estados do Amazonas, Acre, Tocantins, de Alagoas, Sergipe, do Piauí, de Mato Grosso, Goiás, da Bahia, do Maranhão, Paraná e de São Paulo.
Uma das particularidades desse processo licitatório é o fato de ele reunir blocos em campos de terra com potencial para a exploração de gás natural e de recursos considerados não convencionais.
Essa é a primeira rodada voltada para o desenvolvimento das reservas brasileiras de gás em campos em terra.
A área incluída na Rodada totaliza 168.348,42 quilômetros quadrados, sendo 164.477,76 quilômetros quadrados em áreas de nova fronteira, nas bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba, e 3.870,66 quilômetros nas bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas.
Pé atrás — Apesar da expectativa criada em torno da concorrência, uma série de incertezas do ponto de vista comercial, ambiental e regulatório afastou investidores.
Um desses pontos diz respeito à técnica usada para exploração dos recursos não convencionais.
O procedimento de fraturamento do solo usa a injeção de água misturada a produtos químicos, gerando risco de contaminação dos lençóis freáticos.
A técnica de fraturamento hidráulico não é regulamentada no Brasil.
Além disso, estudo produzido por órgãos do governo concluiu que alguns blocos se sobrepõem a unidades de conservações ambientais e a reservatórios de hidrelétricas, além de estarem próximos de áreas indígenas.
Pelo lado comercial, a venda de gás para a geração de energia elétrica é vista como a melhor opção para monetizar as reservas a serem descobertas, já que os blocos estarão localizados longe dos principais gasodutos do país.
Com a termoelétrica construída na boca do poço, os investidores podem tirar vantagem da alta capilaridade da rede de transmissão de energia elétrica.
O risco desse plano é que as térmicas a gás não têm sido bem-sucedidas nos leilões de energia do governo, perdendo muito espaço para eólicas.