Por causa dos atrasos na Baixada, Marin admite Plano B da Fifa 22/01/2014
- O Estado de S. Paulo + Veja.com
Os atrasos nas obras da Arena da Baixada causam preocupação aos organizadores da Copa do Mundo. Em entrevista coletiva na Federação de Futebol do Rio Grande do Norte, o presidente da CBF, José Maria Marin, admitiu nesta quarta-feira, que o estádio de Curitiba pode mesmo ficar fora do torneio.
Após as declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, dando um ultimato em relação ao adiantamento das obras até 18 de fevereiro, o presidente da CBF reconheceu que a Arena da Baixada tem chances reais de ser excluída da Copa.
"A situação é difícil. Nesse sentido, acredito que os responsáveis pela construção precisam recuperar o tempo perdido ou, pela primeira vez, esteja sendo estudado pela Fifa um plano B. Foi dado um sinal amarelo grande", admitiu Marin.
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Além de não informar as opções que a Fifa cogita, Marin demonstrou confiança na entrega do estádio dentro do prazo.
"As nossas empresas têm uma capacidade grande, com prestígio e obras no exterior, para conseguir finalizar os projetos. Em minha primeira reunião na Fifa, Recife estava fora da Copa das Confederações. Naquela ocasião, a construtora triplicou o número de trabalhadores e o estádio ficou pronto", referindo-se à Arena Pernambuco, que ficou pronta somente em abril do ano passado.
Faltando menos de seis meses para o início da Copa do Mundo, a Arena da Baixada tem apenas 88% de suas obras concluídas. Caso não consiga adiantar parte de suas obras até o próximo dia 18, os quatro jogos da primeira fase, entre os dias 16 e 26 de junho, poderão ser realizados em outro lugar.
O que ficou só na promessa para o Mundial
- 1 Estádios privados
O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas. Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.
- 2 Revolução na infraestrutura
A Copa foi usada como pretexto para a discussão de projetos há muito sonhados - como, por exemplo, o trem-bala que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, possivelmente com extensões aos aeroportos de Cumbica e Viracopos. Os palcos da abertura e da final do Mundial, no entanto, seguem sem ter essa ligação rápida e prática.
- 3 Aeroportos modernizados
Há investimentos no setor, mas eles são muito mais tímidos do que o governo insiste em anunciar. Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que, até abril, a Infraero utilizou apenas 18% dos recursos previstos neste ano para melhorias e obras nos aeroportos. Num ranking de qualidade com 142 países, nossos aeroportos estão na 122ª posição.
- 4 Transporte público de qualidade
Na Matriz de Responsabilidade, documento que lista os compromissos da União, estados e municípios em relação à Copa, a previsão inicial era de um investimento total de 11,9 bilhões de reais em projetos de mobilidade urbana nas doze cidades-sede. Com o fracasso de pelo menos seis projetos, 3 bilhões de reais foram cortados.
- 5 Combate ao supérfluo
O governo falava em realizar uma Copa dentro das possibilidades dos brasileiros, sem despesas desnecessárias. Essa cautela, porém, não existiu. O Tribunal de Contas da União (TCU) conseguiu identificar gastos excessivos em obras de mobilidade urbana, estádios, aeroportos, portos e telecomunicações. Sua atuação provocou economia de 600 milhões de reais.