Com apoio do PSB, oposição consegue assinaturas para criar CPI da Petrobras 27/03/2014
- Gabriel Castro - Veja.com
Não bastou a promessa de enviar ao Congresso o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), a presidente da Petrobras, Graça Foster, e quem mais os deputados e senadores quisessem ouvir sobre a pior crise que atingiu a estatal de petróleo nas últimas semanas.
A oposição no Senado conseguiu na noite de ontem as assinaturas necessárias -- um terço da Casa -- para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a Petrobras.
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Para obter o número mínimo, o apoio do PSB, partido do presidenciável Eduardo Campos, foi decisivo.
Se nenhum senador recuar e retirar o nome da lista, a CPI poderá ser um duro golpe para a presidente Dilma Rousseff, que terá a gigante estatal exposta à investigação no ano que tentará se reeleger.
Apesar de contar com maioria absoluta nas duas Casas do Congresso, enfrentar uma CPI é sempre um risco para o governo dado o poder de quebra de sigilos, convocações e compartilhamento de dados com órgãos de investigação como o Ministério Público e a Polícia Federal.
O pedido de CPI no Senado visa apurar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que causou perdas de 1,18 bilhão de dólares à companhia brasileira, conforme revelou VEJA.
Além do caso de Pasadena, os indícios de pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela holandesa SMB Offshore também devem ser investigados.
O apoio do PSB à instalação da CPI foi oficializado pelo líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).
“O maior serviço que o Brasil pode prestar à Petrobras neste momento é jogar luz sobre ela”, disse o parlamentar, que também criticou o governo: “Não há, da parte do governo, pressa em esclarecer esses episódios”.
O líder do PT na Câmara, Humberto Costa (PT-PE), lamentou: "Manifesto o receio de que nós venhamos a ter uma CPI que reproduza os pífios resultados que produziu a CPI do Cachoeira", disse ele, em referência à investigação realizada em 2012 para apurar as ligações do contraventor Carlinhos Cachoeira.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que vai retirar o pedido de CPI no Senado caso a Câmara alcance as assinaturas necessárias para que seja criada uma comissão mista:
"Trata-se de uma comissão parlamentar de inquérito exclusiva do Senado Federal, sem prejuízo da comissão mista, que é a prioridade para todos nós", disse ele.
Na Câmara, são necessárias 172 assinaturas de deputados. Até o início da noite desta quarta, foram recolhidas 143.
O PSB decidiu esperar a chegada da assinatura da senadora Lídice da Mata (BA) para entregar o apoio dos quatro integrantes da bancada de uma vez.
Por isso, Alvaro Dias ainda não oficializou a entrega do documento.
O senador pretende protocolar o pedido ainda hoje, mas, de qualquer forma, não será possível ler o requerimento em plenário nesta quarta.
O plano B da oposição é a instalação da comissão apenas no Senado, o que já é possível com as 28 assinaturas recolhidas.
A lista inclui parlamentares do PSDB, do DEM, do PSOL, do PP, do PDT, do PSD, do PMDB e do PSB.
Confira a lista de quem assinou:
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
Pedro Taques (PDT-MT)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Mário Couto (PSDB-PA)
José Agripino Maia (DEM-RN)
Aécio Neves (PSDB-MG)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Cyro Miranda (PSDB-GO)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Rubens Figueiró (PSDB-MS)
Ana Amélia (PP-RS)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Lucia Vânia (PSDB-PA)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Jayme Campos (DEM-MT)
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Clésio Andrade (PMDB-MG)
Eduardo Amorim (PSC-SE)
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
Vicentinho Alves (SDD-TO)
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
João Capiberibe (PSB-AP)
Lídice da Mata (PSB-BA)