Dilma diz que será candidata com ou sem apoio dos partidos aliados 30/04/2014
- Veja.com
Constrangida por aliados que já defendem abertamente o "Volta, Lula" e índices de aprovação de governo derretendo, a presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã desta quarta-feira que será candidata com ou sem o apoio dos partidos que integram sua base no Congresso Nacional.
"Gostaria muito que, quando for candidata, eu tivesse o apoio da minha base, da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente", disse, em entrevista a rádios da Bahia.
Na sequência, ela emendou uma frase enigmática e encerrou o assunto: "Sempre, por trás de todas as coisas, existem outras explicações."
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As declarações mostram uma mudança no tom adotado pela presidente, que havia minimizado um manifesto lançado por deputados do PR pedindo a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Isso não me pega", disse Dilma em jantar com jornalistas esportivos no Palácio do Alvorada, na noite de segunda-feira.
"Ninguém vai me separar do Lula nem ele vai se separar de mim."
O PR (ex-PL) apoia o PT em eleições desde 2002, quando José Alencar, morto em 2011, aceitou concorrer como vice na chapa de Lula.
A aliança ajudou a romper a resistência de parte do empresariado e do setor financeiro à candidatura do petista.
Mais tarde, após a descoberta do mensalão, o então PL acabou arrastado para o centro do escândalo -- o ex-presidente da sigla Valdemar Costa Neto foi um dos condenados a prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo esquema de corrupção.
Além dos problemas com o PR, reportagem de VEJA desta semana mostrou que a Dilma enfrenta um momento inédito de fragilidade.
Além de ter problemas na economia, como o crescimento baixo, a inflação persistente e o desmantelamento do setor elétrico, ela perdeu apoio popular e força para barrar, no Congresso, iniciativas capazes de desgastá-la.
A aprovação ao governo caiu a um nível que, segundo os especialistas, ameaça a reeleição.
Partidos aliados suspenderam as negociações para apoiá-la na corrida eleitoral.
Já os oposicionistas conseguiram na Justiça o direito de instalar uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobras.
Acuada, Dilma precisa mais do que nunca da ajuda do PT, mas essa ajuda lhe é negada.
Aproveitando-se da conjuntura desfavorável à mandatária, poderosas alas petistas pregam a candidatura de Lula ao Planalto e conspiram contra a presidente.
O objetivo é claro: retomar poderes e orçamentos que foram retirados delas pela própria Dilma.
A seis meses da eleição, o PT está rachado entre lulistas e dilmistas -- e, para os companheiros mais pragmáticos, essa divisão, e não os rivais Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), representa a maior ameaça ao projeto de poder do partido.