Couro processado em Mato Grosso é bom, mas não remunera pecuarista 11/05/2014
- G1-MT
Em Mato Grosso, a matéria-prima que abastece os curtumes vem do próprio Estado e até de fornecedores de fora. Depois de processado, se transforma em um dos materiais valorizados na indústria de calçados e acessórios. Boa parte das peles ganha o mercado externo.
Uma indústria que funciona em Cuiabá usa matéria-prima fornecida por frigoríficos do Estado. Quando não há material suficiente o couro salgado vem do Nordeste.
A seleção das peças é a primeira etapa. “Temos um mapa onde marcamos raias e furos, principalmente estouros de máquinas e defeitos de frigoríficos. Se for defeito de máquinas são problemas comuns e procuramos regular as máquinas. Furos prejudicam mais o couro”, explica a avaliadora Ana Paula Franco.
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O que não serve para a indústria é guardado em outro setor do curtume e será transformado em gelatina. Ao serem colocados em barris o processo químico faz com que o pelo se solte das peles em até 18 horas. Depois, vem a etapa que garante a firmeza da pele. O curtume dura um dia.
Após todo processo, o couro já pronto fica com uma tonalidade azul em função dos produtos químicos. O material é avaliado novamente por especialistas na empresa, antes de ser destinado à produção de roupas em tapeçarias.
Oitenta por cento das peças mato-grossenses vão para países asiáticos ou europeus. O restante fica no Brasil. De acordo com o gerente da empresa, Andrey Vidotto, a concorrência com produtos sintéticos mexeu com o mercado, mas o couro ainda tem espaço garantido.
“Procuramos manter uma boa política de trabalho com os fornecedores para mantermos a capacidade da planta abastecida e, consequentemente, atender com qualidade os compradores”, avalia Andrey Vidotto.
No campo
Para que o couro chegue às indústrias com integridade o cuidado começa ainda no campo. As cercas lisas evitam acidentes e o manejo correto das doenças previne as feridas. Apesar dos cuidados, pecuaristas mato-grossenses dizem não receber incentivos pela garantia da produção do material que irá abastecer os curtumes.
“Esse assunto é antigo e já foi debatido em outras épocas. Tem que partir para uma solução do problema a partir de quem tem interesse direto e que são os três. Mas os frigoríficos deveriam tomar a iniciativa”, pontua Arno Schneider, produtor.
Além da qualidade da cerca e do combate às moscas e bernes, outros cuidados como a marcação do animal, o transporte e as operações no frigorífico garantem a qualidade do couro.
Frigoríficos
O Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo) comentou sobre a inexistência de uma remuneração específica ao criador. O presidente da entidade, Luis Antônio de Freitas Martins, disse que é solidário à ideia.
No passado, o sindicato, inclusive, chegou a participar de um estudo junto com entidades de produtores que previa este incentivo. Mas o assunto não evoluiu em toda a cadeia de produção e ainda não há previsão para isso.