Papéis de empresas brasileiras sobem no exterior, após derrota na Copa 10/07/2014
- TONI SCIARRETTA E MACHADO DA COSTA - FOLHA DE S.PAULO
Com o feriado em São Paulo, a Bolsa brasileira não funcionou nesta quarta-feira (9), mas, em Nova York, os papéis de empresas do país tiveram um dia de alta generalizada, especialmente os de estatais, como a Petrobras.
Para Raphael Juan, gestor da BBT Asset, a valorização dos papéis brasileiros nos EUA (chamados de ADRs, recibos de ações estrangeiros reflete a aposta de parte do mercado de que a derrota para a Alemanha deverá ter impacto na corrida eleitoral.
"É muito provável que essa derrota respingue na presidente Dilma [Rousseff]. Da mesma forma que ela se beneficiou nas intenções de voto quando a seleção estava indo bem, agora também deve sentir essa derrota. O tamanho do impacto só vamos saber quando sair a próxima pesquisa", disse Juan.
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Os ADRs da Petrobras subiram 3,54% (PN, sem voto) e 3,52% (ON, com voto) no mercado americano. Já os papéis PNA (sem voto) da Vale tiveram alta de 1,21%.
Como os ADRs são conversíveis em ações, é provável que a Bovespa tenha alta hoje para equilibrar os preços no país com os ganhos no exterior na véspera.
Miguel Daoud, analista da Global Financial Advisor, afirma que qualquer notícia ruim que possa ser ligada à presidente está impactando positivamente os papéis das companhias brasileiras. Um dos setores que melhor refletem esse sentimento, segundo ele, é o de energia.
Na terça-feira (7), a Cemig perdeu a nota que a conferia grau de investimento pela agência de classificação de risco Moody's, uma espécie de selo de bom pagador.
No entanto, na quarta (8), os papéis PN (sem voto) cotados em Nova York subiram 1%, e os ON (com voto), 9,1%.
Segundo Daoud, devido à queda de 6% dos ativos no dia do rebaixamento, a tendência é que, no pregão seguinte, os preços sejam reajustados. Mas isso não explica totalmente a alta.
"A derrota do Brasil na Copa colaborou também nesse caso, pois o mercado vê com clareza que o governo tem prejudicado as empresas do setor de energia, como são os casos de Cemig e Petrobras."
Nos últimos meses, os papéis das companhias brasileiras vêm oscilando de acordo com o desempenho de Dilma nas pesquisas eleitorais.
O recuo da presidente nas pesquisas tem geralmente ajudado na valorização das ações, principalmente de estatais. Isso porque, para analistas, essas empresas estariam sendo prejudicadas pelo intervencionismo do governo na economia.
MAIORES ALTAS
Entre os papéis brasileiros mais negociados nos EUA, a maior valorização foi obtida pelos do banco Itaú, que tiveram alta de 2,89%. Os do Bradesco subiram 1,32%.