Milho: dirigente teme que falta de recursos atrase anúncio de Pepro 30/07/2014
- Agencia Estado
A demora do Ministério da Agricultura em responder ao setor produtivo, que pede medidas de apoio à comercialização de milho, alimenta incertezas quanto à disponibilidade de recursos, disse ontem o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale.
"Em reunião com o ministro (de Agricultura), Neri Geller, e o secretário (de Política Agrícola), Seneri Paludo, vimos uma vontade de atender às reivindicações dos Estados, mas desconfiamos que faltam recursos", disse Dalpasquale, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Produtor de grãos, com propriedade em São Gabriel do Oeste (MS), o dirigente destaca a incerteza que a falta de ação do governo gera no mercado.
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O Brasil ainda está colhendo a segunda safra de milho (safrinha) e os preços já caíram para abaixo do mínimo de garantia em alguns Estados, caso de Mato Grosso, maior produtor nacional.
O setor cobra do governo desde o mês passado ações de estímulo ao escoamento do excedente de produção e garantia de preço ao agricultor.
Segundo Dalpasquale, os preços do cereal tendem a recuar ainda mais com a intensificação da colheita da safrinha brasileira e a entrada da produção norte-americana.
"E quanto mais tarde fizerem as intervenções maior terá que ser o aporte de recursos para complementar a renda do agricultor", alertou o presidente da Aprosoja Brasil.
O dirigente considera que os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) são a melhor ferramenta disponível para garantir o preço mínimo.
Ele ressaltou, contudo, que os pagamentos dos prêmios do ano passado estão atrasados.
"Eu, como produtor rural, recebi só metade do Pepro do ano passado e tem muita gente também esperando os pagamentos. Não é só falta de documento, é falta de recursos", disse.
O presidente da Aprosoja Brasil acrescentou que o nervosismo com a lentidão do governo federal para se pronunciar em relação ao Pepro leva alguns produtores a buscar financiamentos em bancos para cobrir despesas e estocar a produção à espera de preços melhores.
"Acho isso perigoso e vai refletir no futuro. Sem condições de bancar os custos, o agricultor vai ter que reduzir a área de milho ou trocar de cultura", comentou.
Ainda de acordo com ele, a produtividade das lavouras está surpreendendo em quase todas as regiões produtoras e a colheita da safrinha deve ficar perto do volume produzido em 2013, estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 46,9 milhões de toneladas.
"Temos uma safra de inverno muito boa em todo o Brasil. Choveu até segunda-feira em Mapitoba (região que compreende os Estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). Paraná e Mato Grosso do Sul escaparam das geadas e Mato Grosso diminuiu área, mas teve um clima ótimo", informou.
Dalpasquale lembrou, ainda, que o potencial de exportação de milho do País deve ser menor neste ano.
"Vai ser difícil exportar 20 e poucos milhões de toneladas, até porque os americanos virão com uma safra maior e o Brasil vai perder espaço para fechar contratos."