Demanda da Rússia vai impulsionar preços da carne suína e de aves 15/08/2014
A decisão da Rússia de aumentar rapidamente as importações de alimentos do Brasil deve levar a um aumento dos preços para a carne suína e de aves no Brasil, mas terá efeito limitado no preço de carne bovina, de acordo com analistas da indústria.
O preço da carne de frango brasileira deve aumentar mais rápido do que outros segmentos de proteína, porque possui a maior lacuna a ser preenchida para a Rússia.
Os Estados Unidos foram os maiores exportadores de carne de frango para a Rússia em 2013, com 266 mil toneladas de um total de 527 mil toneladas importadas, enquanto o Brasil embarcou 54 mil toneladas apenas para a Rússia no ano passado.
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“Há aqui uma imensa oportunidade, mas precisamos aguardar como será o ritmo de compras dos russos; caso venham aumentos de pedidos nos próximos meses, acho que os preços irão subir”, disse Cesar de Castro Alves, analista da consultoria MB Agro, para CarneTec.
"A carne de frango está defasada em relação à suína e à bovina em termos de preço e a indústria tem condições de responder com maior alojamento com relativa velocidade”, disse Castro Alves.
“Acho que os frigoríficos de carne de frango não precisarão optar onde vender pois têm condições de atender todos, sobretudo porque alguns destinos externos importantes estão relativamente fracos, caso do maior deles: os Emirados Árabes.”
Quase 100 frigoríficos no Brasil para carne bovina, suína e de frango e suas miudezas foram aprovados para exportação pela Rússia no último dia 6 de agosto, quase triplicando o número de processadores brasileiros previamente aprovados, após uma proibição total das importações de proteína dos Estados Unidos, Austrália e outros países por um ano inteiro.
Entre os dias 8 e 12, mais cinco plantas brasileiras foram aprovadas, de acordo com o Serviço Sanitário da Rússia, o Rosselkhoznadzor, elevando o total para 92 unidades aprovadas na última semana.
Os cortes de aves com maior demanda na Rússia, como coxa e sobrecoxa, devem mostrar os maiores aumentos de preços imediatamente.
Com os preços de carne de frango no Brasil atualmente cerca de 5% abaixo do mesmo período do ano passado, o mercado tem espaço para aumentar, disse Domingos Martins, presidente do sindicato do setor avícola no estado do Paraná (Sindiavipar), em entrevista à Reuters Brasil.
O preço médio por quilo de carne de frango resfriada subiu 3% desde o dia 6 em Toledo (PR), onde o maior produtor e exportador do produto no Brasil está situado, após o anúncio da Rússia na semana passada.
O preço médio de carne suína por quilo aumentou 2,2% desde a mesma data, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O Brasil já é o maior exportador de carne suína e bovina para a Rússia, mas o potencial para aumentos de preços é forte porque a disponibilidade de ambos, bovinos e suínos, será limitada no Brasil durante o resto deste ano, e a nova demanda de exportação solicitará aumentos de preços no mercado interno, disse Castro Alves.
Para o setor de carne bovina, o impacto da demanda da Rússia sobre os preços de exportação deve ser mínimo, porque a demanda doméstica tem sido lenta, disse Alex Silva, analista da Scot Consultoria, à Reuters.
A economia brasileira estagnada limitou as vendas domésticas de carne bovina, e a demanda russa é tipicamente por cortes de carne bovina dianteiros, que são considerados os mais baratos, disse ele.