Lula se diz ¨consternado¨ e não quer tirar conclusões 18/07/2007
- Tânia Monteiro - Estadão
Presidente divulga nota de pesar e não descarta fechamento de Congonhas após acidente
Através de um porta-voz da presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou na noite desta terça-feira que é precipitado tirar qualquer conclusão sobre o acidente envolvendo um avião da TAM, que derrapou no final da tarde na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e colidiu contra um depósito da empresa e um posto de gasolina. Havia 176 pessoas a bordo e, por enquanto, foram confirmadas 16 mortes.
Por meio de nota lula se diz consternado com a situação. O presidente decretou luto oficial de três dias e cancelou todos os compromissos oficiais neste período. E informa ainda que qualquer conclusão sobre o acidente antes de uma investigação da Aeronáutica seria precipitada. Lula não exclui, contudo, nenhuma hipótese, até mesmo o fechamento do aeroporto de Congonhas está sendo avaliado. O presidente assim que soube do acidente montou um gabinete da crise no Palácio do Planalto e se reuniu com alguns ministros.
Leia a íntegra da nota:
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Mensagem do presidente Lula sobre acidente com avião da TAM
¨Foi com grande consternação que recebi a notícia do acidente envolvendo um Airbus da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Quero manifestar minha solidariedade aos parentes das vítimas e assegurar à sociedade brasileira que todas as investigações necessárias serão feitas a fim de esclarecer as causas dessas terrível tragédia. Em sinal de pesar pelas vítimas, decretei luto oficial no País nos próximos três dias¨.
Luiz Inácio Lula da Silva
Na noite desta terça-feira, havia uma grande preocupação do governo com as repercussões desta nova tragédia, que era classificada como algo ¨inacreditável¨. Assessores questionavam se o acidente poderia ter sido provocado pela liberação da pista de Congonhas sem as ranhuras que ajudam a segurar os pousos de grandes aviões - as ranhuras só começariam a ser feitas no próximo dia 25 de julho, quarta-feira. Lula teria pedido informações sobre o acidente com o avião da Pantanal, no dia anterior, que também derrapou na pista de Congonhas e teria sido informado de que, naquele caso, havia ocorrido uma imperícia do piloto.
O governo temia, ainda, a informação de que os controladores de São Paulo teriam pedido que a pista de Congonhas fosse interditada nesta terça-feira, uma vez que a chuva intensa deixava o piso muito escorregadio. Apesar dos riscos, afirmaram fontes ligadas aos controladores, a decisão do Comando da Aeronáutica foi pela manutenção dos pousos e aterrissagens.
Segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, em briefing concedido por volta das 23h30, o atendimento ou não do pedido do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para que o aeroporto de Congonhas seja fechado, será avaliado depois de uma investigação minuciosa e exaustiva do acidente.
Gabinete da Crise
Foram chamados para o gabinete de emergência, no Planalto, os ministros Waldir Pires (Defesa), Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), Dilma Roussef (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação Social). As viagens que o presidente Lula tinha agendado para quarta e quinta, confirmou o porta-voz, foram canceladas. O presidente iria, nesta quinta, a Porto Alegre e Florianópolis. Na sexta, estavam previstas visitas a Curitiba e ao Rio.
Nas capitais do Sul, o presidente ia fazer o lançamento dos programas de investimentos em saneamento e habitação. Ao Rio, depois da vaia recebida na sexta-feira passada, durante a abertura dos jogos Pan-americanos, o presidente voltaria para a sessão solene dos 110 anos de fundação da Academia Brasileira de Letras.
Logo depois de montado o gabinete de crise, o presidente Lula telefonou para o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, que estava em São José dos Campos (SP), e determinando que ele se dirigisse para o aeroporto de Congonhas, a fim de obter todas as informações precisas e as repassasse ao Planalto. Saito chegou a Congonhas por volta das 21h30.
Também foram repassadas ao presidente Lula informações das autoridades aeronáuticas avaliando que as perspectivas eram as piores possíveis e que as chances de haver sobreviventes eram praticamente nulas.
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, assim que foi informado do acidente, embarcou para São Paulo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) repassou a responsabilidade pela divulgação de informações para a Aeronáutica. O Centro de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) abriu inquérito para averiguar as causas do acidente e começar a recolher os dados para uma avaliação. Os militares estavam em busca da caixa preta e enviaram uma equipe de peritos para o local do acidente.