Dos apelidos às piadas: o debate que você não viu na TV 02/09/2014
- Felipe Frazão e Talita Fernandes - Veja.com
Encontro de presidenciáveis foi tão movimentado nos bastidores do SBT quanto diante das câmeras. A seguir, os momentos mais divertidos -- e tensos -- na plateia:
"Marinês aplicado"
O senador evangélico Magno Malta (PR-ES) revela o tamanho da encrenca no meio religioso com a divulgação do plano de governo de Marina Silva que defendia o casamento gay -- e foi modificado. “Ela não errou uma frase, foi um texto inteiro. Ela precisa verbalizar: ‘Sou contra o casamento gay’. Ou vai ficar na base do me engana que eu gosto?”
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Alvo
O comitê petista comemorou até os questionamentos de Eduardo Jorge e Luciana Genro à sucessora de Eduardo Campos na chapa do PSB. “Marina era uma outsider e agora está sendo discutida”, disse o vereador José Américo, secretário nacional de comunicação do PT.
A arte da guerra
Petistas também aprovaram a estratégia de Dilma de procurar o embate direto com Marina, pontuar contradições -- e a falta de explicações da principal adversária da presidente. “Chegou a hora de a onça beber água”, disse o vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimarães (CE), minutos antes de o debate começar. A ofensiva deixou Dilma nervosa – ela chegou a gaguejar em algumas respostas. “Marina tem consciência de que agora é vidraça”, disse o presidente do PSB, Roberto Amaral.
Codinomes
O debate do SBT abriu a temporada de apelidos entre os candidatos à Presidência da República. Eduardo Jorge (PV) batizou Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) de “G3”, uma adaptação para a sigla do grupo dos países mais ricos do mundo. Levy Fidelix (PRTB) tentou reproduzir a ideia do verde, mas embaralhou as siglas para “3G”. Luciana Genro arriscou chamá-los de “os três irmãos siameses”. E Aécio Neves só se referiu a Dilma como “a candidata oficial”.
Dicionário
A pronúncia da palavra estupro continua assombrando os candidatos -- e não só à Presidência da República. Na segunda foi a vez do Pastor Everaldo maltratar a gramática ao falar no combate ao “estrupo (sic)”.
Em forma
Candidato ao Senado por São Paulo, o ex-governador José Serra manteve a tradição e chegou atrasado ao debate. Só tomou seu lugar na plateia no segundo bloco. Havia poucas cadeiras vagas, na fileira do PSC e na última. Ensaiou pular as cadeiras, mas deixou que um assessor o fizesse: “Eu me sinto jovem para isso”, disse Serra.
Selfie
O deputado federal Beto Mansur, que tenta a reeleição pelo PRB, sacou o celular logo antes de o debate começar para registrar um selfie no estúdio do SBT, decorado com os pilares do Palácio do Planalto.
Superstição tucana
Presidente do diretório paulista do PSDB, o deputado federal Duarte Nogueira vestiu uma gravata azul, com uma pequena ferradura prateada gravada no tecido, para ir ao debate no SBT. Ele explica o figurino: “A ferradura de sete cravos é um símbolo de sorte, tem quatro de um lado e três do outro. É a gravata com que tomei posse como líder da bancada em 2011. Ela ajuda nos momentos mais difíceis.”
Tempo!
Marina Silva e Dilma Rousseff foram as candidatas que mais extrapolaram os minutos de resposta previstos pela organização do debate, que foi condescendente com todos os candidatos. Em alguns momentos, elas chegaram a provocar protestos da plateia.
Acuado
Pastor Everaldo Pereira teve de responder a uma pergunta delicada, que deixou em apreensão a bancada do PSC na plateia. Foi colocado em xeque com as acusações de sua ex-mulher, Katia Maia, que move contra ele processo por agressão física, “chutes e socos”. O religioso negou tudo. A cantora gospel Ester Batista, atual mulher de Everaldo, que se distraiu no celular durante a maior parte do debate, acompanhou com olhar fixo e sacudindo a cabeça em sinal positivo. “Ele foi verdadeiro”, disse.
Coleção
Marina Silva abandonou os chamativos óculos vermelhos usados no debate da Band. Desta vez, adotou um modelo mais simples, preto e de hastes finas. Só os usou para ler uma apostila e retirou antes de aparecer em vídeo.
Frio
Depois de ouvir de membros da campanha conselhos para que abandonasse o xale e os óculos vermelhos, Marina foi apenas com um casaco para o debate. Enquanto deixava o estúdio, reclamou para os assessores. "Não tem condições com esse frio esses debates, com esses canhões aqui", disse, apontando para um dos focos do ar condicionado.
Calouro na política?
Se ao assistir ao debate o apresentador Raul Gil mostrou-se bastante animado, fazendo risinhos e conversando com os que estavam próximos, ao final ele arriscou dizer que estava pensando em se candidatar. Ele aproveitou para fazer elogios a Marina Silva e a Beto Albuquerque. "Vocês vão chegar lá. Ela estava tranquila, serena", disse. Extrovertido, ele imitou Cauby Peixoto para o presidente do PSB, Roberto Amaral, Beto Albuquerque e Miguel Manso, presidente do Pátria Livre.
Ritmo lento
Conhecidos pela fala mansa, pausada e demorada, o senador Eduardo Suplicy (PT) e o presidenciável do PV, Eduardo Jorge, conversavam antes do debate. Suplicy pediu explicação mais completa na TV sobre a proposta de simplificação de impostos do verde, que pretende unificar tributos sobre movimentação financeira. “O problema é que não vai dar tempo”, disse Jorge.
Mãozinha
No fim do último bloco, o candidato a deputado federal e presidente do PSC em São Paulo, Gilberto Nascimento, sacou do bolso do paletó um pequeno maço de santinhos e ficou esperando o tucano José Serra passar. Sem cerimônia, entregou ao tucano, que ficou surpreso. “Me ajuda”, pediu ao pé do ouvido de Serra, que lidera a corrida ao Senado.
Hora errada
Um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves, o ex-governador paulista Alberto Goldman reprovou a declaração do coordenador geral da campanha do tucano, o senador Agripino Maia (DEM-RN), que pregou aliança dos tucanos com Marina Silva no segundo turno para derrotar um “mal maior”. Goldman disse que o democrata foi “inconveniente”. “Está falando besteira”, criticou.
Vem com a gente
Roberto Amaral, presidente nacional do PSB, aproveitou a deixa de Agripino e já pediu o apoio de Aécio Neves (PSDB). “Aceito o apoio de quem quiser nos apoiar, até do Aécio. Quero que o Aécio nos apoie.”
Sebo
Amaral, aliás, nega que Marina tenha recuado no programa de governo só por pressão dos evangélicos, sobretudo do pastor carioca Silas Malafaia, um dos que mais repudiou publicamente o programa do PSB. “Eu não tenho tempo para ver Malafaia. Tenho muitos livros para ler”, ironizou. “Não estou dizendo que não teve pressão, mas foi uma decisão dele após a primeira leitura do texto. Eu prefiro que questões religiosas não sejam envolvidas com questões políticas, nem que houvesse candidatura religiosa. Estou me referindo ao pastor, que é religioso até no nome.”
Nada se cria, tudo se transforma
O clima entre os membros do PSB que assistiam ao debate da plateia era de alguma descontração. Depois de a presidente Dilma Rousseff ter respondido a perguntas dizendo que concordava com alguns dos problemas de seu governo, o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque brincou: "O João Santana agora concorda com críticas e diz que vai mudar depois de doze anos", ironizou. Dando continuidade às brincadeiras, Albuquerque ainda falou a Maurício Rands, um dos coordenadores do programa: "Maurício, tem alguém infiltrado e dizendo para Dilma ler nossas propostas."
Tá certo
Antes mesmo de Marina Silva dizer que Eduardo Jorge (PV) foi coerente ao explicar as diferenças entre o seu partido hoje e em 2010, quando Marina disputou a Presidência da República pela sigla, membros do PSB que estavam na plateia aprovaram a fala dele fazendo um sinal de positivo com a cabeça.