Graça Foster renuncia à presidência da Petrobras 04/02/2015
- Veja.com
A presidente da Petrobras, Graça Foster, e cinco diretores da companhia renunciaram ao cargo e novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração que será realizada na sexta-feira.
As renúncias foram comunicadas pela própria estatal nesta quarta em um ofício ao mercado.
A saída da diretoria acontece em meio às investigações de um escândalo bilionário de corrupção e a dificuldade da atual gestão da companhia para quantificar os prejuízos com fraudes em contratos de obras durante anos.
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A empresa não confirma, mas fontes de mercado citam que as renúncias envolvem os diretores José Formigli (Exploração e Produção), Almir Barbassa (Financeiro), José Antônio de Figueiredo (Engenharia), José Cosenza (Abastecimento) e José Alcides Santoro (Gás e Energia).
Teria permanecido na companhia apenas José Eduardo de Barros Dutra, da diretoria de Serviços, indicação de Lula na empresa.
Na tarde de ontem, Graça se reuniu com Dilma no Palácio do Planalto depois de saber, por meio de reportagens na imprensa, que o governo buscava substituto para o cargo de chefia da Petrobras.
A presidente incumbiu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de sondar nomes de mercado que aceitassem a missão, depois de ter se decepcionado com a maneira com que Graça conduziu a divulgação dos resultados não auditados da empresa, no último dia 27.
Dilma considerou “amador” o cálculo de 88 bilhões de reais em baixa dos ativos da empresa por causa dos desvios decorrentes da corrupção.
O cálculo foi feito com base em uma metodologia que avalia o sobrepreço em 31 ativos da Petrobras.
Na avaliação da presidente da República, esse número foi mal avaliado, por pelo fato de os auditores terem colocado no mesmo patamar ativos bons e aqueles afetados pelos desvios.
O fato é que é justamente o desacordo entre o valor das perdas com corrupção que faz com que a consultoria PricewaterhouseCoopers, que audita os balanços da Petrobras, se negue a chancelar os resultados por enquanto.
Após a reunião desta terça, Graça voltou a entregar o cargo para a presidente Dilma, que aceitou a demissão, mas não antes que a executiva realizasse a tarefa de recalcular “melhor” as perdas com os desvios.
Graça soube, oficialmente, que seria substituída até março, assim como toda a diretoria atual.
Devido à tarefa que lhe foi atribuída nesse intervalo, esperava-se que a presidente da estatal permanecesse no cargo até que Dilma encontrasse o novo ocupante da cadeira, dinâmica similar à da saída de Guido Mantega do Ministério da Fazenda. Mas Graça não se sustentou.
A saída não é bem uma surpresa, já que a executiva havia entregado o cargo a Dilma em mais de uma ocasião no ano passado, conforme revelou o site de VEJA.
Contudo, a forma desastrada como a troca de poder é conduzida deixa o caminho mais tortuoso para o futuro chefe da empresa, já que ele entrará num ambiente em que transição foi feita às pressas e de forma descoordenada -- sem contar o contexto de investigação criminal que paira nos corredores da sede, no Rio de Janeiro.
A expectativa é de que a presidente escolha um nome de mercado para ocupar a cadeira -- missão árdua diante dos problemas financeiros, de gestão e judiciais que afetam a companhia.
Um obstáculo para tal missão é a eleição do peemedebista Eduardo Cunha, desafeto de Dilma, para a presidência da Câmara.
Como o deputado é considerado o líder da dissidência da base governista, caberá ao governo negociar com ele apoio para as votações de seu interesse.
A moeda de troca, em muitos casos, será a distribuição de cargos do segundo escalão do governo.
A Petrobras, cuja presidência tem sido ocupada por petistas desde a entrada de Lula, é a cereja do bolo.