Bolívia corta o gás de Cuiabá 21/08/2007
- Marcia Carmo - BBC
O governo da Bolívia diminuiu nesta sexta-feira o envio de gás ao Brasil e à Argentina devido à ocupação de três estações de petróleo e gás por manifestantes no município de Gran Chaco, no Departamento (Estado) de Tarija, sul do país.
Segundo o ministro boliviano do Planejamento e Desenvolvimento, Gabriel Loza, a redução do envio de gás para o Brasil foi dos atuais 24,6 milhões de metros cúbicos diários para 24 milhões.
Loza disse que a ¨ocupação” dos campos e estações de petróleo de Yacuíba, Villamontes e Caraparí ¨impede¨ a normalidade das atividades nestes locais.
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O ministro também afirmou, de acordo com uma rádio de La Paz, que suspenderá completamente o abastecimento a Cuiabá, que costuma receber, por dia, 2,2 milhões de metros cúbicos.
Mas um representante da empresa estatal YPFB disse, citando fontes oficiais, que a suspensão no envio de gás à capital matogrossense não será completa.
Petrobras
Loza destacou ainda que o campo San Alberto, da Petrobras, vai parar de produzir a partir deste domingo.
As instalações da empresa brasileira foram ocupadas pelos manifestantes entre a noite de quinta-feira e a madrugada desta sexta-feira, depois que soldados do Exército liberaram as entradas ¨para evitar confrontos¨, segundo fontes oficiais citadas pela imprensa boliviana.
Estima-se que cerca de mil manifestantes ¨tomaram o controle¨ do San Alberto, que representa um dos maiores investimentos da Petrobras na Bolívia.
Autoridades do governo boliviano dizem que o envio de gás ao Brasil a partir deste campo está normal, mas ainda há temores de que os líderes do protesto suspendam o abastecimento.
Além do campo San Alberto, duas fábricas da Transredes, em Pocitos e Yacuíba, estão ocupadas desde terça-feira pelos manifestantes bolivianos.
O protesto ocorre devido a uma disputa entre moradores de Gran Chaco e da cidade de O´Connor, em Tarija, que brigam pelo controle sobre a jazida Margarita, no limite entre os dois municípios, e que rende cerca de US$ 40 milhões anuais – atualmente, para O´Connor.
A queda de braço já deixou dois manifestantes mortos.
Aniversário
A decisão de diminiuir a exportação de gás foi tomada pelo governo boliviano a dez dias do aniversário de um ano do anúncio da nacionalização do setor de petróleo e gás do país.
Fontes oficiais disseram que o presidente Evo Morales deve fazer ¨importantes anúncios¨ por ocasião da data, no próximo dia 1° de maio.
Na Petrobras, teme-se que o governo boliviano, atendendo o decreto de nacionalização, tome o controle das suas duas refinarias no país sem pagar por elas o preço internacional de mercado.
Em uma reunião na semana passada, na Venezuela, o presidente boliviano, Evo Morales, teria tido uma dura conversa com o presidente Lula sobre a nacionalização das refinarias.
Morales, porém, disse à Agência Boliviana de Informação (ABI) que não tem ¨diferenças¨ com o colega brasileiro.