Venda cai e Rússia é esperança na carne suína 03/03/2015
- Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo
As exportações brasileiras de carne suína "in natura" recuaram para uma média de 1.230 toneladas por dia útil no mês passado.
É o menor volume para os meses de fevereiro em pelo menos uma década, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
No acumulado do mês, foram exportadas apenas 22 mil toneladas, 29% menos do que em igual período de 2014.
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A queda nas vendas externas ocorre devido à sazonalidade das importações russas e à situação econômica daquele país, dependente das receitas do petróleo, que está com preços baixos.
Mas a presença russa no Brasil está praticamente garantida nos próximos meses.
Isso ocorre devido às sanções comerciais mútuas entre russos e os principais países desenvolvidos, geradas na crise política da Ucrânia.
Dependentes do mercado europeu, os russos deixaram de ser os líderes nas importações de carne suína da União Europeia em 2013, ocupando a 9ª posição no ano passado.
Traduzindo em números, os europeus da UE exportaram apenas 67 mil toneladas para os russos no ano passado, 91% menos do que as 747,2 mil toneladas de 2013.
Os europeus tiveram de buscar novos mercados e incrementar outros existentes, como os da China, Japão e Coreia do Sul.
Os chineses, principais consumidores mundiais, assumiram a liderança nas importações europeias, somando 711 mil toneladas no ano passado, 7% mais do que em 2013.
Mesmo com a ampliação das exportações para outros mercados, como o da Coreia do Sul, onde o aumento foi de 108%, os europeus exportaram menos carne suína. Foram 2,94 milhões de toneladas, 5% menos ante 2013.
Se os desacertos políticos entre russos e europeus foram bons para o Brasil, elevando as exportações de carne suína para a Rússia, prejudicaram o Chile.
Com excesso de produto, os europeus reduziram as importações chilenas para 2.849 toneladas em 2014. Esse volume somou apenas 8% das importações da UE, abaixo dos 21% de 2010 a 2013.
Já as compras russas no Brasil chegaram a 51% do volume total exportado pelo país em alguns meses.
Na média do ano, os russos levaram 38% da carne suína brasileira, segundo dados da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal).
MILHO
A produção nacional de milho da primeira safra de 2014/15 deverá ser de 30,9 milhões de toneladas. Se confirmado, esse volume fica abaixo dos 32,2 milhões obtidos na safra 2013/14.
Já a produção da segunda safra cai para 38,9 milhões de toneladas, uma queda de 11% em relação aos 43,6 milhões de toneladas da safra anterior.
Os dados são da consultoria Clarivi, que aponta uma repetição da produtividade nesta safra de 2014/15, em relação à passada. Já a área de plantio recua para 14,3 milhões de hectares, 7% menos do que na anterior.
COMMODITIES
O índice de commodities CRB registrou, no final de fevereiro, queda de 29% em relação a 25 de junho do ano passado, data na qual havia obtido o maior patamar em 2014, segundo a RC Consultores.
CARNE DE FRANGO
As receitas com as exportações da carne de frango "in natura" renderam US$ 851 milhões no primeiro bimestre deste ano. O volume financeiro é 10% inferior ao de igual período de 2014.
CARNE DE BOI
O setor de carne bovina teve desempenho ainda pior, com as receitas do bimestre recuando para US$ 654 milhões, 32% menos do que em igual período de 2014, segundo dados da Secex.
LEITE
Em alta desde maio, a captação de leite por indústrias e cooperativas recuou 3,5% em janeiro, devido à falta de chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste. Mesmo assim, o preço médio líquido recebido pelo produtor de leite caiu 0,76% no mês passado, aponta o Cepea.