Governo pede à CUT para cancelar manifestação de sexta-feira, 13 11/03/2015
O governo pediu à Central Única dos Trabalhadores (CUT) para que cancelasse a manifestação programada para amanhã.
O ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), a pedido da presidente Dilma Rousseff, se reuniu com dirigentes da CUT na segunda-feira e conversou por telefone pedindo "reiteradas vezes" a suspensão, para evitar que ela sirva de base para levar mais manifestantes contra o governo às ruas no dia 15, segundo relatou um ministro próximo à presidente.
Em nota, o ministro, porém, nega que tenha pedido para a CUT cancelar a manifestação.
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“Todas as minhas declarações públicas nos últimos dias foram no sentido de respeitar as manifestações democráticas da sociedade brasileira. A CUT é quem marca ou desmarca suas manifestações. Portanto, fui surpreendido e estou indignado com essa notícia”, diz o ministro.
Embora a operação do governo pelo cancelamento do evento da CUT não tenha prosperado, a central decidiu a reordenar o ato, deixando clara a defesa da presidente Dilma e da Petrobras.
— Será muito ruim se os protestos da CUT levarem 500 pessoas para as ruas e as manifestações do dia 15 levarem milhares. Para efeito de comparação, será esmagador — disse um integrante do governo ao GLOBO.
LULA DESERTA
Em entrevista divulgada pela “Rede Brasil Atual”, ligada a movimentos sindicais, o ex-presidente Lula afirmou torcer para que “compareça muita gente” no protesto, apesar de dizer que não irá participar.
Quanto aos protestos contra o governo e a presidente Dilma, o Planalto avalia que se concentrarão em São Paulo e na zona sul do Rio. Monitoramento realizado nas últimas semanas aponta que no Nordeste o movimento será fraco e, em alguns lugares, até inexistente.
Há temor, no entanto, com o acirramento dos ânimos possa levar a pancadaria e quebra-quebra, como ocorreu na onda de protestos de junho de 2013.
A expectativa do governo é que as manifestações do dia 15 não sejam reforçadas por setores da esquerda, como aconteceu nos atos de dois anos atrás, o que tira volume e poderia levar à redução da capilaridade do movimento.
Na visão de auxiliares da presidente, partidos como PSol e PSTU, que dão consistência a protestos, estarão fora.
Apesar de tratar como uma incógnita o número de pessoas que irão às ruas, integrantes do governo estão monitorando as redes sociais desde que os convites para as manifestações começaram a pipocar na internet.
Foram mapeados quatro movimentos por trás dos protestos: Vem para a rua, Revoltados Online, Endireita Brasil e Brasil Livre.
Paralelamente ao acompanhamento dos líderes do movimento, o PT vem fazendo um trabalho de desconstrução destas pessoas e destes grupos, usando informações de seus perfis nas redes sociais para desqualificá-los politicamente.
Dilma determinou uma força tarefa de ministros para acompanhar os atos de amanhã e de domingo.
Os integrantes da articulação política deverão ficar em Brasília.
A orientação do Planalto é que nenhum ministro participe das manifestações das centrais sindicais para não estimular provocações.
MINISTRO DESPREOCUPADO
No início da noite de ontem, Miguel Rossetto disse não estar preocupado com as manifestações. O ministro, que é o responsável por fazer a ponte entre o governo e os movimentos sociais, afirmou que é preciso separar os protestos benéficos daqueles que fazem mal para a democracia brasileira:
- Nós temos de separar o que são manifestações que afirmam a democracia brasileira daquelas manifestações que prestam um desserviço à democracia brasileira. O que o país precisa é cada vez mais democracia, de mais participação - defendeu.
Sobre as manifestações, previstas para domingo, que vão pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Rossetto disse que elas não fazem nenhum sentido e que desrespeitam o processo eleitoral:
- Essa é uma pauta antidemocrática, desrespeita a democracia brasileira, desrespeita o processo eleitoral.