Credor executa garantias da Sete Brasil 20/03/2015
- NATUZA NERY E JULIO WIZIACK - FOLHA DE S.PAULO
A Sete Brasil, principal parceira da Petrobras na exploração do pré-sal, sofreu um duro golpe. Um de seus credores estrangeiros, o Standard Chartered Bank, entrou com pedido de execução de garantias do empréstimo concedido à empresa.
A Folha apurou que o banco já acionou o FGCN (Fundo Garantidor da Construção Naval), fundo administrado pela Caixa Econômica para assegurar o pagamento aos credores em caso de calote.
Em carta ao fundo, o Standard Chartered pede para sacar sua cota no fundo –o que pode ser negado pelo fundo.
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A reportagem não obteve a informação do valor do empréstimo, mas apurou que é maior do que a cota do banco no fundo -- um sinal de desespero diante da situação da Sete Brasil, já que prefere garantir um valor menor.
Envolvida na Operação Lava Jato, a companhia não consegue um financiamento de US$ 9 bilhões prometido pelo BNDES quando a empresa foi criada, em 2010.
Como não obteve os recursos do BNDES, a Sete tomou R$ 12 bilhões com bancos -- alguns deles são também sócios no negócio. Esses empréstimos venceram, e a Sete não consegue pagá-los.
O Standard Chartered fez parte de um grupo de bancos estrangeiros que, juntos, concederam R$ 2,6 bilhões à Sete.
Esses financiamentos, chamados empréstimos-ponte, venceram novamente nesta terça (17). Eles já tinham sido renegociados anteriormente.
O Standard foi o primeiro a "jogar a toalha" porque não acredita que haverá uma saída para a Sete.
AGONIA
A solução que está na mesa é do BNDES. Como revelou a Folha, o banco estatal propôs liberar os US$ 9 bilhões que tinha prometido à Sete diretamente para os bancos credores.
Assim, ele repassará o risco do negócio para as instituições financeiras.
Os credores não querem aceitar a proposta. Dizem que só financiaram a Sete porque o governo, via BNDES, tinha se engajado no projeto com a promessa do financiamento de longo prazo.
O prazo final para decidirem o salvamento da empresa é 31 de março. Se os bancos não aderirem, a empresa pode quebrar. Caso eles cheguem a um acordo, o banco britânico pode suspender a execução das garantias.
O impasse se agravou após Pedro Barusco, ex-diretor de operações da Sete, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas -- reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal.
Desde então, o BNDES exige mais garantias para liberar o recurso.
Até a presidente Dilma pressionou para ajudar a empresa. Com a demora do BNDES, a Sete atrasa pagamentos, comprometendo a construção das sondas.
A Sete não se pronunciou. A reportagem não conseguiu contato com o Standard até o fechamento desta edição.