Exportação de soja em maio é recorde, mas receita cai 02/06/2015
- Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo
O Brasil nunca exportou tanta soja em um mês como em maio passado. Mas, apesar desse volume recorde, a receita encolheu.
Tradicionalmente maio é um dos meses mais aquecidos nas exportações. Neste, ano, devido à safra recorde, elas foram ainda maiores, somando 9,34 milhões de toneladas. Esse volume supera em 23% o de igual mês de 2014.
Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), que apontou recuo na receita do pilar das exportações brasileiras neste período do ano.
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A receita de maio recuou para US$ 3,6 bilhões, ante US$ 3,9 bilhões em igual mês de 2014. Foi a menor nos meses de maio em quatro anos.
O motivo dessa queda fica evidente quando se acompanha a evolução dos preços da soja no mercado externo. Em maio do ano passado, a tonelada da oleaginosa exportada atingia US$ 508. Neste ano, esteve em US$ 387.
A queda dos preços externos foi compensada, em parte, pelo câmbio. A desvalorização da moeda brasileira permitiu a exportadores e produtores receberem mais reais pelo produto vendido.
Mas o menor preço médio da soja neste ano é uma má notícia para a balança comercial brasileira.
Após ter atingido US$ 31,4 bilhões com as exportações do ano passado, o complexo soja (soja em grãos, farelo e óleo) deverá render apenas US$ 23,4 bilhões neste ano, segundo estimativas da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Essa queda ocorre mesmo com as exportações recordes de 48 milhões de toneladas de soja em grãos, previstas para 2015. No ano passado, foram 45,7 milhões.
A soja perde preço devido à boa produção mundial. Os Estados Unidos devem voltar a superar 100 milhões de toneladas em 2015/16, enquanto o Brasil fica próximo dos 95 milhões e a Argentina, dos 60 milhões em 2014/15.
Ou seja, todos os principais países produtores de soja estão com patamar recorde em relação há dois anos, quando os estoques ainda eram pequenos e forçavam os preços para cima.
O Brasil também receberá menos por farelo e óleo de soja. As receitas com o primeiro recuam para US$ 4,9 bilhões neste ano, após ter atingido US$ 7 bilhões em 2014.
Já a exportação de óleo de soja renderá US$ 756 milhões, ante US$ 1,13 bilhão em 2014.
Com o bom desempenho do volume exportado no mês passado, a soja volta a liderar com folga as receitas da balança comercial de janeiro a maio deste ano.
Dados da Secex apontam receitas de US$ 8,74 bilhões para a oleaginosa neste ano, acima dos US$ 5,95 bilhões do minério de ferro e dos US$ 4,95 bilhões do petróleo em bruto.
CARNES
O valor médio das carnes exportadas no mês passado voltou a subir, mas ainda é inferior ao registrado em 2014.
Um item de peso na balança comercial, as carnes "in natura" renderam US$ 950 milhões no mês passado, abaixo do US$ 1,2 bilhão de igual mês de 2014.
Até maio, as proteínas renderam US$ 4,41 bilhões, 18% menos do que em igual período de 2014.
AÇÚCAR
A exportação de açúcar refinado se recuperou, atingindo 504 mil toneladas em maio, 95% mais do que no ano anterior. Já as vendas externas de açúcar em bruto subiram para 1,33 milhão, 17% mais.