Produtor enfrenta cenário nebuloso para definir próxima safra de soja 17/06/2015
- Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo
O produtor de soja tem um grande desafio para a próxima safra, que plantará no segundo semestre.
Perspectivas de preços, produção mundial, custos de insumos e participação dos fundos de investimentos no setor são algumas das incógnitas.
Essas questões colocam dúvidas nos produtores, que estão no período de decidir sobre a área de plantio.
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O cenário é tão nebuloso que até especialistas que passam o ano todo estudando esse mercado estão com olhares voltados para lugares diferentes.
André Pessôa, da Agroconsult, prevê que a próxima safra terá a primeira queda na área plantada nos últimos dez anos.
Fernando Muraro, da AgRural, discorda e estima um avanço de pelo menos 700 mil hectares na próxima safra.
Outro que acredita na continuidade da expansão da área de soja é Ricardo Tomczyk, da Aprosoja (entidade que congrega produtores de Mato Grosso).
Pessôa acredita que a margem do produtor será muito apertada na próxima safra. Ele terá, além de uma recessão de recursos, gastos maiores com o crédito.
Devido ao mix de recursos a preços de mercado e ao de taxas controladas -- o que vai elevar o custo de captações devido à baixa disponibilidade do crédito subsidiado --, o produtor vai gastar R$ 100 a mais por hectare apenas devido à utilização desse crédito.
Com isso, Pessôa acredita que esta vai ser uma safra movida com um volume maior de créditos próprios dos produtores.
Já Tomczyk acredita que haverá um aumento na área de soja porque "o trem é muito grande para frear agora".
Produtores que vinham com investimentos programados vão continuar plantando, apesar dos novos custos.
Ele acredita que o produtor vai utilizar mais a poupança formada nos períodos de boas margens, diminuindo a utilização de fertilizantes, "mas com coerência".
Fernando Pimentel, da Agrosecurity Consultoria, concorda com Tomczyk, mas diz que só no final de julho e no início de agosto é que se poderá fazer uma avaliação melhor sobre a área de plantio.
Naquela data, a safra norte-americana já estará definida.
Ele acredita, no entanto, que o aumento de área é difícil, diante dos custos maiores e, principalmente, se a safra dos Estados Unidos for cheia. Ou seja, atingir os 105 milhões de toneladas estimados atualmente.
Essa discussão, que envolveu importantes especialistas no setor, marcou o seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2015 e 2016, realizado pela BM&FBovespa nesta terça (16), em São Paulo.