As principais ciladas em intercâmbios e o que fazer para evitá-las 22/06/2015
- Luana Massuella - Veja.com
Os brasileiros estão cada vez mais fazendo as malas e indo estudar no exterior.
Em 2012, 175.000 estudantes fizeram intercâmbio -- cinco vezes mais do que os 34.000 brasileiros que passaram pela experiência em 2003.
Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta), o curso de idiomas é o mais procurado em 63% das agências de intercâmbio.
PUBLICIDADE
Logo em seguida vem o Ensino Médio no exterior e cursos de férias.
Estudantes brasileiros que fazem intercâmbio no exterior devem ficar atentos a algumas ciladas.
"Verificar se a escola é certificada por organizações que qualificam as instituições de ensino e confirmar se os professores possuem certificação para o ensino da língua são os primeiros passos para evitar arapucas", diz Fernanda Zocchio Semeoni, diretora de produtos e operações da agência de intercâmbio Experimento Intercâmbio Cultural.
As arapucas mais comuns do intercâmbio envolvem escolas sem infraestrutura e recursos didáticos adequados, professores desqualificados, baixa exigência acadêmica e falta de compromisso com a aprendizagem.
Confira as principais ciladas de intercâmbios e o que fazer para evitá-las:
Fuja de agências de intercâmbio sem certificação
A primeira recomendação dos especialistas é desconfiar quando encontrar cursos mais baratos do que a média.
“A pessoa costuma pensar que está fazendo um grande negócio pedindo um curso barato e de qualidade, mas, isto é pedir para ser enganado, pois o bom, bonito e barato não existe em educação”, alerta Marlene Coimbra, diretora da escola de idiomas Superstudent Headquarters, em Sydney.
“É melhor postergar a experiência do intercâmbio, do que arriscar um valor menor e transformar o sonho em pesadelo”, completa.
Quanto custa?
Os preços dos programas de idioma, em geral, variam de 13.200 a 16.300 dólares (ou 35.000 a 43.250 reais) para o período de seis meses e incluem acomodação, meia-pensão (café da manhã e jantar) e algumas atividades culturais, sociais ou esportivas promovidas pelas escolas.
Não busque metas inalcançáveis
Segundo especialistas, estudantes com nível básico na língua costumam pensar que com o curso no exterior terão domínio no idioma em poucos meses.
No caso da língua inglesa, por exemplo, em média, são necessárias 42 semanas de estudos, de 30 aulas de 45 minutos por semana, para atingir o nível intermediário avançado para um estudante que inicia o curso como iniciante e mais 10 semanas, em média, para atingir o nível avançado.
Mas, para quem tem nível básico da língua, os especialistas defendem que o curso no exterior pode ser um desperdício de dinheiro.
“Sempre aconselho que os brasileiros estudem no Brasil mesmo, até concluírem o nível Intermediário. Mesmo que eles cheguem no exterior e tenham que repetir esse nível, já economizaram seis meses de escola, acomodação, alimentação, transporte e outras despesas”, diz Marlene Coimbra, diretora da escola de idiomas Superstudent Headquarters, em Sydney.
Evite escolas com muitos brasileiros
O aprendizado de um novo idioma pode ser comprometido em salas de aula com muitos brasileiros.
“As melhores escolas de idioma costumam não exceder o número de 12 a 15 alunos por sala e se preocupam em misturar alunos de diferentes nacionalidades.
Salas com muito brasileiros aumentam as chances dos estudantes não exercitarem a língua em aprendizagem”, diz Luiza Vianna, gerente de produtos da CI - Intercâmbio e Viagem.
“Aprender um idioma requer tempo, metodologia comprovada, diretores e professores experientes e, sobretudo, prática”, conclui Eloísa Lima, psicopedagoga, neurolinguista e especialista no ensino de idiomas.
Esquive-se de escolas sem infraestrutura
Visitar os sites das escolas e perguntar o método de ensino da instituição são atitudes básicas importantes a serem tomadas na hora da escolha.
Boas escolas oferecem atividades extras como passeios, filmes e visitas a museus.
“Escolas de excelência, normalmente, estão localizadas no centro das grandes cidades, local em que estão localizadas bibliotecas e grandes universidades”, diz Marlene Coimbra, diretora da Superstudent Headquarters, em Sydney.
Outra sugestão é conhecer os resultados alcançados em testes internacionais como, por exemplo, Cambridge e Oxford e conversar com a diretora pedagógica da escola.
“Procure entender como funcionam as aulas. O ideal é associar às aulas tradicionais, atividades de leitura e escrita, com o uso de recursos didáticos como áudio, vídeo, revista, jornal e internet”, diz Fernanda Zocchio Semeoni, diretora de produtos e operações da Experimento Intercâmbio Cultural.
A escola também deve expor o estudante a diferentes situações em que precisará fazer o uso da língua.
“A escola deve organizar debates e palestras sobre temas do cotidiano até os mais complexos ou de interesse específico”, completa Fernanda.
Procure saber sobre a qualificação dos professores
A qualificação dos profissionais que ensinam uma língua estrangeira é condição fundamental para garantir a aprendizagem dos alunos.
“Erros na metodologia de ensino são normalmente os mais comuns. Escolas muito baratas remuneram mal seus professores que, via de regra, não estão preparados para ensinar o idioma para um estrangeiro. Não conhecer a metodologia necessária faz com que o intercambista não tenha um bom aproveitamento do seu curso”, diz Luiza Vianna, gerente de produtos da CI - Intercâmbio e Viagem.