Para Planalto, saída de Temer da coordenação levaria crise ao auge 03/07/2015
- Mônica Bergamo - Folha de S.Paulo
Tudo menos isso
O Palácio do Planalto passou a identificar risco real de que o PMDB se descole definitivamente de Dilma Rousseff e que Michel Temer entregue a função de articulador político.
O governo montou reação enfática às acusações de que está “sabotando” o vice, como declarou Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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Auxiliares da presidente avaliam que o rompimento com o PMDB levaria a crise política ao auge, fomentaria o impeachment e faria Cunha usar toda a sua força contra o governo.
Hipertensão
Cunha fez check-up no hospital Sírio-Libanês no fim de semana. Após exame cardíaco, ouviu de um médico: “Seu coração está bem. Vai dar trabalho para a Dilma por muito tempo”.
Caçada
O peemedebista se irritou ao saber que ministros telefonaram para deputados e pediram que deixassem o plenário sem votar a redução da maioridade penal.
Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) teria “tirado” três deputados do PR da Casa.
Pro bono
O ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto, cuja quarentena acaba em quatro meses, admite atuar de graça como parecerista ou “amicus curiae” (alguém que não é parte, mas fala no processo) em ações contra a redução da maioridade penal.
Imutável
Ayres Britto defende que a fixação da maioridade penal em 18 anos é uma cláusula pétrea da Constituição e que o STF pode fazer uma análise “principiológica” do caso, como já fez em grandes temas recentemente.
Rito
Mesmo no aspecto formal da votação da Câmara, o ex-ministro do Supremo diz que o fato de a emenda aprovada ter sido redigida posteriormente à rejeição do texto anterior pode ser causa para anulação da sessão.
Desabafo
Responsabilizado pelo governo pelo reajuste dos servidores do Judiciário, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, disse a pessoas próximas que alertou sobre o risco, mas só foi ouvido quando a derrota já estava consumada.
A voz...
Na primeira análise política pós-eleição, a CNBB critica indiretamente a condução da Lava Jato e vê “politização da Justiça”, “que coloca em risco o ordenamento constitucional”.
“Estabelece-se um rito sumário de condenação, agravando direitos fundamentais.”
...dos bispos
Sem citar a operação, diz que “instrumentos excepcionais como a delação premiada tornaram-se objeto de pressão sobre acusados”.
As práticas, sob “holofotes da grande mídia, transformam réus confessos em heróis”, diz o texto.
Reincidente
A entidade também também chama de “controvertida” a manobra adotada por Cunha na votação do financiamento privado de campanha -- repetida na quarta, na redução da maioridade penal.
“O tema renasceu 24 horas depois, numa estratégia regimental.”
Ensaiada 1
Advogados dos executivos da Odebrecht apontam ação coordenada do juiz Sergio Moro e do Ministério Público Federal para divulgar novos documentos, retidos propositalmente, às vésperas de decisões sobre habeas corpus dos presos.
Ensaiada 2
A divulgação de supostas provas a conta-gotas seria para influenciar a decisão do TRF-4 sobre os HCs, sustenta a defesa.
Abafa
Advogados associaram a divulgação de documentos que provariam pagamento de propina pela empresa no exterior, ontem, a uma tentativa de ofuscar o depoimento de policiais federais que comprovaram que havia escuta ativa na cela do doleiro Alberto Youssef.
Suspense
Relator da disputa pelos cargos da Executiva paulistana do PSDB, o deputado Carlão Pignatari apresentará seu parecer ao diretório estadual do dia 13.
Foi encomendado parecer ao departamento jurídico da sigla.
TIROTEIO
"Já que os tucanos não abrem o bico contra os desmandos de Cunha, Aécio devia passar a presidência do PSDB para ele na convenção."
Glauber Rocha, (PSB-RJ), sobre o partido ter apoiado a decisão do presidente da Câmara de votar de novo a redução da maioridade penal.
CONTRAPONTO
Correio deselegante
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o líder da Força Sindical, Miguel Torres, subiram no mesmo avião para ir de Brasília a São Paulo, na tarde de ontem.
Ao perceber que o chefe do BC estava no voo, o metalúrgico pegou um jornal que noticiava o crescimento da dívida do país e pediu que uma aeromoça o levasse até o economista -- junto com um cartão de visitas da central.
Tombini recebeu a encomenda e sorriu educadamente para o sindicalista.
Diante da risada, um outro passageiro comentou com o presidente da Força: