Os dois Corinthians 27/07/2015
- PVC - Folha de S.Paulo
O Corinthians era agressivo em fevereiro. Na estreia na fase de grupos da Libertadores, chutou 14 vezes ao gol de Rogério Ceni, desarmou 41 vezes, aniquilou o São Paulo, mas teve só 43% de posse de bola. Errava pouco e atacava bastante, embora recuasse com o resultado consolidado, como aconteceu naquele segundo tempo —a porcentagem de bola no pé confirma.
Contra o Coritiba, o Corinthians desarmou 32 vezes, dez a mais do que o seu adversário -- nove menos do que há cinco meses.
Finalizou oito vezes, seis a menos do que foi capaz no clássico contra o São Paulo em fevereiro.
PUBLICIDADE
Vice-líder do Brasileirão, o Corinthians mantém características da carreira recente de Tite, mesmo depois de um ano de descanso e de estudos, em busca de mais estratégias ofensivas.
Por que seu time atual não apresenta mais ousadia? Porque mudou muito desde seu retorno.
No início do ano, o Corinthians finalizou 14 vezes contra o São Paulo e agrediu o rival em um clássico, porque tinha trabalhado um mês para ter capacidade de ousar.
Treinou uma equipe que não existe mais depois da derrota para o Guaraní do Paraguai nas oitavas de final da Libertadores.
A posse de bola diminuiu muito no segundo tempo daquele clássico de fevereiro, mas as finalizações aumentaram naquela segunda etapa. Foram 14 no total, só cinco no primeiro tempo.
Contra o Coritiba, o time é mais homogêneo: entrega o controle do jogo para o rival sempre... na partida inteira.
Não é bom e provavelmente nem Tite gosta do que está vendo. Disse isso depois de vencer o Atlético, há nove dias.
O que mudou é evidente, embora dificilmente verificado por quem assiste a todas as partidas: quatro jogadores são diferentes. A força do ataque não é a mesma. Guerrero e Emerson agora estão no Flamengo.
O Corinthians leva poucos gols, mantém-se na disputa pelo título. Mas está se reformando em plena campanha, sofre e evidencia seus erros. Por isso, em fevereiro tentava vencer. Hoje, evita sofrer gols.
É pouco, mas se mantém em segundo lugar e na briga, com apenas nove gols sofridos em quinze rodadas.
O Atlético é diferente. Ataca sempre, mesmo quando não atua bem, como no sábado à noite contra o Figueirense. Lucas Pratto chutou duas bolas na trave, venceu por 1 a 0, gol de pênalti. Correu riscos, mas registre-se: acaba de perder o melhor jogador do time, Maicosuel.
A saída do meia pode ser decisiva e provavelmente será esquecida em dezembro, ganhando ou perdendo o campeonato. Mas o ataque do Atlético é semelhante ao do ano passado, apesar de perder também Diego Tardelli.
O duelo pela liderança continua entre o melhor ataque e a melhor defesa. Mas é mais bonito de se ver o Atlético. Também é o time com a estrutura mantida há mais tempo.
MAIS LIGADO
O São Paulo não jogou bem, mas manteve sua estrutura: muita posse de bola, poucas finalizações. O time não está pronto, mas faz descobertas. É ótimo ter Centurión no ataque. Mesmo quando não vai bem, abre espaços para Pato. Para o São Paulo, é bom mantê-lo. Está mais a fim de jogo.
MASSACRE
Leandro Pereira é o artilheiro da era Marcelo Oliveira, com seis gols em nove partidas. Chama-se confiança. Antes, no ano inteiro, Leandro tinha três gols. Confiança é um dos fatores que mudaram no Palmeiras de Marcelo. O outro, a velocidade. O time sai muito mais rápido para o ataque.