Agronegócio busca informações, artigo de difícil acesso 29/07/2015
- Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo
Um dos insumos mais procurados hoje no setor do agronegócio são informações. O setor está em busca de previsibilidade, uma procura de difícil alcance.
Esse cenário faz com que o agronegócio, antes com muita vontade de investir, tenha sérias dúvidas no momento.
Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), diz que essa incerteza está trazendo uma protelação na definição de plantio e de compra de insumos.
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O produtor avalia o melhor momento do dólar para as compras e espera para ver se o que foi anunciado de crédito vai realmente estar à disposição nas agências de banco.
O quesito política também é importante. A situação futura política brasileira preocupa, o que faz o produtor avaliar se compensa colocar todas as suas divisas nos hectares de terra que tem.
O resultado dessa protelação é que, de novo, o país vai presenciar filas de caminhões para a entrega dos insumos em tempo hábil neste segundo semestre, afirma Daher.
Diante desse cenário de indefinições, uma das saídas para o produtor e olhar bem "o caixa", diz Luiz Cornacchioni, diretor-executivo da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).
Quem não controlar direito despesas e receitas vai ter problemas, afirma.
As variáveis que podem afetar a receitas dos produtores são muitas. Ele tem de considerar o preço das commodities, custo dos insumos com a nova variação cambial, crédito.
Além disso, o produtor terá de ficar atento aos custos do frete e por quanto vai vender seus produtos lá na frente.
"Se ele der uma pequena bobeada, sai quebrado", diz Cornacchioni.
Para buscar um pouco de luz para essas dificuldades, a Abag reúne o setor do agronegócio na primeira semana de agosto, em São Paulo. Na pauta de discussão, "sustentar é integrar".
As discussões vão de sustentabilidade econômica e ambiental nos setores de grãos, proteína animal e florestas às discussões sobre alimento e energia.
"Este é um momento delicado e nebuloso. O congresso quer representar uma lanterna", diz Daher.
LEITE
As vendas das 20 principais empresas do setor de leite somaram US$ 223 bilhões no ano passado, uma evolução de 5% em relação a 2013, segundo dados do Rabobank.
Considerada uma inflação de 4% a 5% nesse setor, as vendas reais tiveram pouca evolução.
A suíça Nestlé encabeça a lista das maiores do setor, seguida das francesas Lactalis e Danone.
Os Estados Unidos têm 5 empresas entre as principais 20 do setor, enquanto a França tem 4. As chinesas, que vêm ganhando posições no ranking, somam duas.