Quando José e Maria se casaram, não puderam comprar um imóvel.
Passaram uns tempos na casa dos pais de Maria e depois alugaram um apartamento, em busca de espaço e privacidade.
Disciplinados, pouparam com o objetivo de, um dia, realizar o sonho da casa própria.
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Com caixa para dar uma boa entrada na compra de um imóvel, precisam tomar uma decisão importante: comprar ou continuar pagando aluguel.
Não seria uma decisão simples mesmo que houvesse consenso entre os dois.
Não é o caso aqui; aspectos importantes e sensatos para José não fazem sentido para Maria.
DINHEIRO
Hoje a reserva financeira de R$ 250 mil rende juros líquidos suficientes para o aluguel de R$ 2.000 e ainda sobram R$ 250.
Se comprarem um imóvel de R$ 500 mil, a entrada virá do dinheiro guardado mais um financiamento de R$ 250 mil, com prestação de cerca de R$ 3.250.
Deixariam de pagar aluguel, mas também deixam de receber os juros da aplicação; a despesa mensal cresceria em R$ 1.500/mês (prestação maior que o aluguel em R$ 1.250 mais R$ 250 que não sobram mais).
Maria já está procurando a casa dos seus sonhos.
José simula a hipótese de continuar pagando aluguel e acelerar a poupança mensal com os R$ 1.500 que seriam aplicados, em vez de ir para o financiamento.
Em 30 anos, com juro real líquido de 0,3% ao mês, terão R$ 970.000, mais o dinheiro da entrada, que subiu para R$ 735.000.
Adora pensar que o aluguel será pago com parte dos juros, que sobra dinheiro para engordar o orçamento e que a aplicação continuará gerando renda para sempre.
Interessante, não?
José precisa convencer Maria de que podem tirar vantagem dessa oportunidade financeira.
MORO ONDE QUERO
A profissão de José requer mudanças frequentes; o casal já morou em quatro cidades.
Como pode ser transferido a qualquer momento, não quer criar raízes.
Morar de aluguel é uma decisão sábia, considerando a complexidade, o tempo e os custos envolvidos em operações de compra e venda de imóveis.
Quem mora em imóvel alugado pode morar sempre em uma casa novinha, localizada onde for conveniente para a família, em razão da escola e do trabalho.
DESVALORIZOU, RISCO DO DONO
Preocupado com boatos sobre a construção de um viaduto perto da casa onde mora?
O imóvel pode se desvalorizar e você terá de vendê-lo para a prefeitura em caso de desapropriação.
Diante de uma situação como essa, é melhor a condição de inquilino que a de proprietário, pois se pode mudar para outro imóvel e deixar o problema para o dono.
O DONO PAGA A MANUTENÇÃO
As despesas de manutenção da casa própria são eternas. O proprietário nunca se livra da necessidade de consertar, reformar, modernizar.
Morar de aluguel é uma maneira tranquila de se libertar do problema e das despesas decorrentes. Cabe ao proprietário, e não ao inquilino, custear as despesas de manutenção.
RECEITA OU DESPESA
A casa própria é uma propriedade que gera despesa para o resto da vida. Para José, é como pagar aluguel para morar em um imóvel que é seu.
Ele prefere deixar o dinheiro em uma aplicação que paga juros e põe dinheiro no bolso para ajudar a pagar as contas e viver com mais conforto.
Maria prefere valorizar a segurança e a tranquilidade de morar numa casa que pode chamar de sua.
DICAS QUE VALEM DINHEIRO
1 - Alugar um imóvel e manter o dinheiro investido requer disciplina.
Embora disponível, o dinheiro não pode ser gasto.
Mantenha em aplicações de baixo risco, com o objetivo de gerar renda.
2 - Alugar um imóvel antes de comprar é uma boa estratégia para testar se o bairro e o imóvel em si são, de fato, a melhor escolha para a família.
3 - Quando o mercado imobiliário está muito aquecido, a redução do preço do metro quadrado pode vir logo a seguir.
Alugar enquanto o mercado se acomoda pode ser uma boa estratégia.
4 - Cuidado para não dilapidar seu patrimônio. Saque somente parte dos juros para pagar o aluguel.
Guarde um pouco para repor perdas da inflação e pagar o IR.
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*Planejadora financeira pessoal, diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e autora de "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro".