Quase metade da safra 07/08 de soja de MT já foi vendida 27/09/2007
- Alexandre Inacio, Jane Miklasevicius e Sandra Hahn - Estadão
Os produtores de soja do Centro-Oeste nunca venderam tanta soja antecipada como agora. Segundo a Agência Rural, cerca de 46% da safra 2007/2008 da região, que começa a ser plantada até o fim do mês, já está comprometida. No mesmo período de 2006, apenas 9% da soja da região foi vendida antecipadamente.
A comercialização está mais adiantada em Mato Grosso. Os dados da Agência Rural apontam que 50% da safra foi vendida antecipadamente, ante 11% registrados no mesmo período de 2006. Em Goiás e no Distrito Federal, os agricultores já venderam 43% da soja a ser colhida no próximo ano, aumento significativo em relação aos 8% de 2006/2007. Mato Grosso do Sul já vendeu 37% da safra 2007/2008, ante 6% do ano passado, segundo a Agência Rural.
NÚMEROS CONSERVADORES
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Um pouco mais conservadora, a consultoria Céleres estima que 32% da safra 2007/2008 do Centro-Oeste já tenha sido vendida. Pelas contas da Céleres, no mesmo período do ano passado o porcentual comprometido da safra era de 20%, um avanço de 12%.
Segundo os analistas da Céleres, Mato Grosso já negociou 36%, ante 23% do ano passado, enquanto Goiás comprometeu 30% da safra de soja, ante 16% no mesmo período de 2006. Tanto o Distrito Federal quanto Mato Grosso do Sul já negociaram 24% da safra 2007/2008, porcentuais superiores aos 16% e 18% registrados em igual período do ano passado, respectivamente.
MOTIVOS
Apesar das divergências quanto aos porcentuais, as consultorias concordam que a comercialização está avançada e apontam dois motivos. O primeiro refere-se aos bons preços internacionais. ¨Na mesma época do ano passado, o bushel de soja era negociado por US$ 5,80. Atualmente, as cotações estão em US$ 9,70¨, afirma o diretor da Céleres, Anderson Galvão.
O segundo motivo é a necessidade de os produtores se capitalizarem para o plantio. Mais distantes dos portos e com um grau de endividamento superior ao dos produtores de outras regiões, os sojicultores do Centro-Oeste têm necessidade maior de captação. Como parte significativa da dívida foi prorrogada, o acesso ao crédito ficou mais restrito, forçando os agricultores a recorrerem às tradings.
A estiagem vai obrigar o Paraná, principal produtor de milho, a reduzir o uso de tecnologia nas lavouras de verão. Até o fim do mês as chuvas devem ser insuficientes para permitir aos produtores recuperarem o atraso no cultivo das lavouras de maior tecnologia. O período ideal de plantio já passou. Com isso, agricultores do norte e oeste do Estado começam a trocar nas cooperativas as sementes de milho tecnificado por sementes de soja, cujo plantio começa em outubro.
No centro-sul do Estado, onde tradicionalmente se planta milho com menor uso de tecnologia, as lavouras podem ser semeadas até dezembro. ¨A estiagem não deve impactar na área, estimada em 1,367 milhão de hectares, mas sim na produção¨, diz a agrônoma Margoreth Demarchi, do Departamento de Economia Rural (Deral). Segundo ela, o clima deverá ser a principal variável da safra este ano.
Com a entrada da primavera, volta a chover no Paraná, mas o meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar, ressalta que a estação deve repetir o inverno, com períodos curtos de chuva seguidos de períodos longos de estiagem.
Por causa de uma forte massa de ar quente, as frentes frias não avançaram, provocando chuvas só no Rio Grande do Sul, onde as condições de solo para o plantio de verão melhoraram bastante, mas o plantio segue com atraso.
FRIO PROLONGADO
No caso do milho, o frio que se prolongou até o fim de agosto tornou mais lento o cultivo no Estado. ¨Quando a temperatura subiu, parou de chover¨, disse o agrônomo Gianfranco Bratta, do núcleo de informações da Emater/RS. Na primeira semana de setembro, a precipitação foi inferior ao padrão. Só voltou a chover na semana passada. O último levantamento apontou plantio de 30% na área de milho, abaixo da média histórica, que seria de 36% neste período.
A comercialização do milho desacelerou na última semana por causa da menor demanda para exportação, o que se refletiu nos preços. O produtor paranaense recebe um preço médio de R$ 20,46/saca, ante R$ 20,70/saca na semana anterior. Para Margoreth, os preços ainda são excepcionais, visto que há um ano produtor recebia R$ 12,30/saca. ¨O preço de hoje é 66,3% maior.¨