Com anúncio do déficit, dólar dispara a R$ 3,68 31/08/2015
- Veja.com
O dólar opera em forte alta nesta segunda-feira diante da notícia de que o governo vai entregar hoje o Orçamento de 2016, prevendo um déficit nas contas públicas -- ou seja, que a arrecadação não será suficiente para pagar os juros da dívida pública.
O mercado reage negativamente ao possível déficit e precifica o que já pode ser considerado mais um revés da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff.
Por volta das 10h50, o dólar subia a 2,65%, sendo cotado a 3,68 reais.
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Os investidores estão apreensivos com a possibilidade de o Brasil perder o grau de investimento, com o reconhecimento dos problemas.
Além disso, esta é primeira vez na história que o governo prepara um orçamento com previsão de desequilíbrio fiscal desde a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que começou a fazer esse tipo de cálculo.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o resultado negativo deve ficar próximo de 30 bilhões de reais.
O reconhecimento das dificuldades foi a forma encontrada pelo Planalto para evitar "mascarar" o Orçamento, num momento de crise política e econômica, às vésperas de a presidente Dilma Rousseff enfrentar julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU) pelas chamadas "pedaladas fiscais" -- manobras que consistiam em atrasar repasses a bancos públicos para melhorar os resultados.
Um dia após abandonar a ideia de recriar a CPMF, o "imposto do cheque", a presidente arbitrou a disputa interna no governo e decidiu escancarar os problemas.
O orçamento só passa a entrar em vigor depois de passar pelo Congresso e pela sanção da presidente.
"Não há nada de animador, nada de boas notícias", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
"Desde que me entendo por gente, este está sendo um dos piores momentos para o mercado financeiro", completou.
Os movimentos locais também vinham em linha com os mercados externos, que sofriam o efeito do novo tombo da bolsa chinesa, acentuados também pela briga pela formação da Ptax de agosto.
A taxa, calculada pelo BC, serve de referência para diversos contratos cambiais e operadores costumam disputar para deslocá-la a patamares mais favoráveis a suas operações.
Na semana passada, o dólar avançou 2,55%, e fechou na última sexta-feira a 2,58 reais, com os operadores mais otimistas em relação do cenário externo, mas preocupados com o resultado negativo do PIB brasileiro do segundo semestre.
A forte valorização da divisa americana frente ao real foi puxada por temores dos investidores com a desaceleração econômica da China, uma das maiores parceiras comerciais do Brasil.
Após o fechamento dos negócios na sexta, o BC anunciou para esta sessão leilão de venda de até 2,4 bilhões de dólares com compromisso de recompra em 4 de novembro de 2015 e 2 de dezembro de 2015.
Além disso, sinalizou que deve rolar integralmente os swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares, que vencem em outubro.
"O BC não consegue estancar a alta do dólar, e nem quer. Ele quer deixar claro que está ali para fornecer liquidez, mas o problema agora não é de liquidez, é de fundamentos", disse o superintendente de derivativos de um importante banco nacional.