Bovespa fecha em queda e Petrobras retorna ao menor valor desde 2004 11/09/2015
A Bovespa fechou no vermelho nesta sexta-feira (11), com o mercado de olho na perda do grau de investimentos pela Standard & Poor's por várias empresas brasileiras, entre elas a Petrobras, e potenciais medidas para o controle das contas públicas.
A fraqueza dos mercados de ações externos também afetou o índice.
O Ibovespa caiu 0,22%, a 46.400 pontos. Na semana, o índice recuou 0,2% e em setembro, 0,48%. Em 2015, a bolsa acumula perda de 7,21%.
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As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras fecharam em queda de 5,37%, a R$ 8,81, o menor valor desde 22 de setembro de 2004, quando os papéis terminaram o pregão cotados a R$ 8,75.
Já os papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) terminaram o dia a R$ 7,66, em baixa de 3,8%.
Segundo levantamento do analista da consultoria CMA, Adriano dos Santos Pires, trata-se da menor cotação de fechamento desde 24 de janeiro de 2005, quando o papel fechou a R$ 7,64.
A estatal liderou as maiores perdas do dia, após a empresa ser rebaixada pela S&P na véspera, e em meio à queda dos preços do petróleo e corte na recomendação e preço-alvo por bancos estrangeiros, entre eles o Bank of America Merrill Lynch.
Em 2015, a petroleira acumula perda de 8,1% nas ações ordinárias e de 23% nas preferenciais.
As maiores altas do dia ficaram a cargo da Siderúrgica Nacional (mais de 10%) e da Usiminas (mais de 11%). E entre as maiores baixas estavam, além de Petrobras, Hering (mais de 4%) e Smiles (mais de 6%).
Pouco antes do fechamento na véspera, a S&P cortou o rating da Petrobras para grau especulativo, como parte de uma série de ações sobre ratings de companhias brasileiras , após ter tirado o grau de investimento do Brasil na quarta-feira.
A S&P foi a segunda das três principais agências de classificação de risco a colocar nota da estatal em grau especulativo -- a primeira foi a Moody's, que tirou o grau de investimento da Petrobras em fevereiro.
Quanto à Hering, o mercado repercutiu o anúncio da saída do diretor das marcas Hering e Hering for You, Luis Renato Bueno.
A Vale perdeu o fôlego da abertura e mostrou declínio perto de 2%, mesmo após forte alta dos preços do minério de ferro na China e manutenção do grau de investimento da companhia pela S&P.
Cenário local e externo
Nos EUA, os principais índices acionários recuavam, com investidores adotando posições conservadoras antes da decisão de política monetária nos Estados Unidos na próxima semana, diante da chance de o Federal Reserve elevar os juros pela primeira vez em quase uma década.
O gestor Joaquim Kokudai, da JPP Capital, disse que o comportamento do mercado externo é de certa cautela, mas que há um sentimento de que o ambiente político local pode caminhar para um desenho melhor após o Brasil perder o selo de bom pagador por uma das grandes agências de classificação de risco.
"A perda do grau de investimento do país pela Standard & Poor's trouxe um senso de urgência para implementar medidas fiscais", afirmou.
Entre as alternativas ventiladas na mídia brasileira está a criação de tributo sobre transações financeiras, conforme noticiou o jornal "Valor Econômico".
Dólar fecha em alta e renova maior valor desde 2002
Após oscilar entre leves subidas e descidas, o dólar fechou em alta, renovando o valor máximo desde 2002 nesta sexta-feira (11), após aproximar-se da barreira dos R$ 3,90 mais cedo.
Investidores seguiram atentos à crise política e econômica no Brasil após o país perder o grau de investimento, à espera de eventos importantes nos próximos dias, tanto no cenário local quanto no externo.
A moeda norte-americana subiu 0,69%, cotada a R$ 3,8771. Veja cotação.
Este foi o maior nível de fechamento desde 23 de outubro de 2002, quando foi a R$ 3,915, segundo a Reuters.
Mais cedo, o dólar chegou a recuar para cerca de R$ 3,82, mas ganhou força ao longo dia.
Na semana, o dólar avançou 0,43% e acumula alta de 6,89% em setembro. No ano de 2015, a moeda tem valorização acumulada de 45,83%.
Cenário político no radar
Preocupações com a deterioração das contas públicas e com a crise política no Brasil vêm golpeando o ânimo dos investidores nas últimas semanas, em meio a dúvidas sobre o comprometimento do governo com o ajuste fiscal.
A apreensão política ganhou mais um impulso no fim desta manhã, após a revista "Época" publicar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria suspeito de ter se beneficiado do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras para obter vantagens pessoais, para o PT ou para o governo.
"Quando você acha que vai ter um dia tranquilo, vem mais notícia ruim. O mercado não está para fracos", disse mais cedo à Reuters o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Expectativa com juros dos EUA
No cenário externo, investidores também recorriam à moeda norte-americana para se proteger antes da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, na semana que vem, e da divulgação de dados sobre a economia chinesa no fim de semana (produção industrial e vendas no varejo).
"O mercado vai aproveitar qualquer baixa (do dólar) para comprar. O cenário está muito incerto, ninguém quer ser pego de surpresa", disse à Reuters o operador de uma corretora internacional, acrescentando que o dólar deve atingir R$ 4 -- máxima histórica -- em breve.