Após recorde, dólar comercial reage à fala de Tombini e fecha abaixo de R$ 4 24/09/2015
- FOLHA ONLINE
Após ter fechado na véspera em seu maior valor da história do real, o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, interrompeu uma sequência de cinco altas e encerrou esta quinta-feira (24) abaixo de R$ 4.
A moeda americana chegou a subir até a máxima de R$ 4,249 pela manhã, mas reagiu positivamente à fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a autoridade monetária possui diversos instrumentos para conter a volatilidade dos mercados e que não pretende elevar a taxa de juros (Selic) neste momento.
Assim, o dólar comercial recuou 3,69%, para R$ 3,992 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,45%, para R$ 4,118. O mercado de juros também reagiu positivamente ao discurso do Tombini. A taxa de DI futuro para janeiro de 2021, por exemplo, chegou a bater 17% pela manhã, mas encerrou o dia em 16%, ante 16,80% na véspera.
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Na Bolsa, o principal índice de ações brasileiro, que chegou a cair mais de 2,5% durante a sessão, reduziu a perda para 0,11% no fechamento, aos 45.291 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,583 bilhões.
"O Tombini fez menção pontual às reservas internacionais, que podem e devem ser utilizadas nesse momento de necessidade. O mercado estava bastante esticado, muito além daquilo que deveria", disse Fabiano Rufato, gerente de câmbio da Western Union no Brasil.
Fernando Bergallo, gerente de câmbio TOV Corretora, avalia que a falta de referências em um cenário de crise fiscal, econômica e política fez com que o mercado desenvolvesse "vida própria", o que justifica a forte oscilação do dólar nos últimos dias.
Apenas nesta quinta, por exemplo, a moeda variou mais de R$ 0,20. "É uma situação inédita até mesmo para quem já trabalha há anos no mercado financeiro. A falta de referências cria distorções."
No geral, a avaliação é que, apesar do efeito positivo da fala do presidente do Banco Central nesta quinta, os mercados de juros e de câmbio seguem pressionados.
"Não houve nenhuma melhora no campo econômico, fiscal ou político que nos leve a acreditar que a queda de hoje vai continuar. Pelo contrário, há ainda muita indefinição sobre como ficarão as alianças entre os partidos após a reforma ministerial e se elas terão força suficiente para aprovar as medidas de ajuste fiscal", disse Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.
AÇÕES REAGEM
As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, fecharam em alta de 2,05%, para R$ 6,96, após operarem em baixa por boa parte do pregão. Já as ações ordinárias, com direito a voto, se valorizaram 0,48%, para R$ 8,30 cada uma.
A Vale viu sua ação preferencial ceder 1,07%, para R$ 14,76, enquanto os bancos, setor com maior peso dentro do Ibovespa, subiram. O Itaú teve alta de 1,14%, enquanto o papel preferencial do Bradesco se valorizou 1,19% e o Banco do Brasil avançou 0,19%.
Do outro lado do Ibovespa, as ações de siderúrgicas lideraram os ganhos do índice, com a ação preferencial da Usiminas subindo 6,95%, para R$ 3,54, enquanto a CSN avançou 3,19%, para R$ 4,20. Ambas devolveram parte da forte perda de mais de 15% registrada na véspera.