Dólar vira e volta a bater R$ 4,14 29/09/2015
- G1-SP
Após abrir o pregão em baixa, o dólar virou e passou a operar em alta nesta terça-feira (29), após fechar acima de R$ 4 na véspera, em meio a um quadro de aversão a risco nas praças internacionais, além de preocupações com a possibilidade de novos rebaixamentos da classificação de risco do Brasil.
Às 11:00/MT, a moeda norte-americana era vendida a R$ 4,1098, em alta de 0,01%. Mais cedo, chegou a ser vendida a R$ 4,14.
O BC faz nesta terça um leilão de até 20 mil novos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, e um leilão de venda de até US$ 2 bilhões com compromisso de recompra.
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Além disso, fará aquele que deve ser o último dos leilões de swaps para rolagem do lote que vence em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos.
"Parece que o mercado de câmbio brasileiro não está aceitando mais do mesmo em relação aos leilões do BC e testa a autoridade monetária para algo mais vigoroso", escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik em nota a clientes, de acordo com a Reuters.
O BC e o Tesouro Nacional têm atuado em conjunto nos últimos dias para conter a intensa volatilidade que vem assolando os mercados locais.
Preocupações com a possibilidade de o Brasil perder seu selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor's e com a instabilidade política no país vêm pressionando o humor.
Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que "todos os instrumentos estão à disposição do BC", mas até agora a autoridade monetária não atuou no mercado à vista usando as reservas internacionais.
Segundo operadores, alguns agentes financeiros elevavam o dólar para tentar pressionar o BC a vender dólares no mercado à vista.
"É um cabo de guerra. Ou o mercado se cansa de bater ou o BC desiste de proteger as reservas", resumiu o gestor de um banco internacional, sob condição de anonimato.
No campo externo, a perspectiva de altas de juros nos Estados Unidos ainda neste ano e com a desaceleração do crescimento econômico da China também vêm corroborando o avanço da moeda norte-americana.
Véspera
O dólar encerrou a segunda-feira vendido a R$ 4,1095, em alta de 3,37%, depois de duas quedas diárias seguidas, na maior alta desde 21 de setembro de 2011 (+3,75%).
O dólar ampliou o avanço na reta final do pregão após o diretor-geral da Fitch para o Brasil, Rafael Guedes, repetir que a perspectiva negativa atribuída à nota de crédito do país significa que a agência vê chance de mais de 50% de rebaixar o país nos próximos 12 a 18 meses, desta a Reuters.
No entanto, Guedes também sinalizou que a agência não deve retirar do Brasil o selo de bom pagador quando tomar sua decisão sobre a nota ao afirmar que, "historicamente", a Fitch não corta rating em dois degraus, o que seria necessário para retirar o grau de investimento. Atualmente, o Brasil está com a nota BBB na escala da agência.
Na sessão, contribuiu também para a alta do dólar a aversão a risco nos mercados externos, com pressão sobre moedas emergentes como os pesos chileno e mexicano.
Os mercados estão apreensivos com a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevar os juros ainda neste ano.
Pesaram ainda preocupações com o crescimento econômico mundial, especialmente em relação à China e economias emergentes no geral, que vêm reduzindo o apetite por ativos de risco.
Mercado testa Banco Central
O dólar ultrapassou a cotação de R$ 4 pela primeira vez na história na semana passada, chegando a ser vendido a R$ 4,24, por preocupações com o ajuste fiscal no Brasil e com a possibilidade do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, elevar a taxa de juros do país.
Segundo a Reuters, agentes do mercado estariam testando a capacidade de atuação do Banco Central.
Na quinta-feira passada, a moeda norte-americana chegou a renovar o recorde intradia, a quase R$ 4,25, mas anulou praticamente todo esse avanço, após o BC ter elevado suas intervenções no mercado de câmbio.
Só nas três sessões anteriores na semana passada, o BC atuou dez vezes - incluindo leilões de swaps para rolagem-, mas nunca vendendo dólares das reservas internacionais no mercado à vista.
No pregão de segunda-feira, a autoridade monetária apenas deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, que vencem em outubro.
O BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos e, com isso, rolou US$ 8,504 bilhões, ou cerca de 90%do lote total.
A atuação do BC tem vindo em conjunção com o Tesouro Nacional, que anunciou programa de leilões diários de venda e compra de títulos públicos.
Na operação de segunda-feira, no entanto, não vendeu nem comprou papéis, impulsionando os juros futuros a uma forte alta.