Aumento da conta de luz pode chegar a 9,5% 14/10/2015
- Veja.com + Estadão
A escalada do dólar deve ser o novo vilão da conta de luz dos brasileiros.
Além dos efeitos da estiagem, que neste ano representaram aumentos superiores a 50%, agora é a moeda americana que vai pressionar os próximos reajustes tarifários das distribuidoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A explicação está na cota que cada empresa tem de energia da hidrelétrica de Itaipu, cotada em dólar.
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Cálculos feitos pela comercializadora Comerc mostram que apenas o impacto da moeda americana na fatia de energia da usina binacional pode representar aumentos entre 3,7% e 9,5% na conta de luz.
As maiores altas devem ocorrer naquelas distribuidoras que ainda não tiveram reajuste neste ano, como é o caso de Bandeirante, CPFL Piratininga e Light.
No reajuste extraordinário, ocorrido em janeiro, quando o governo repassou para a tarifa parte das oscilações do câmbio, o dólar estava na casa de 2,80 reais.
Nas últimas semanas oscilou entre 3,70 e 4,22 reais.
Na Bandeirante, que atende 28 municípios de São Paulo, o dólar na energia de Itaipu poderá representar 8,8 pontos porcentuais dentro do reajuste anual, calcula a Comerc, que considerou um câmbio médio de 4 reais.
Na carteira de energia da empresa, 19% do total vem de Itaipu.
Ou seja, qualquer oscilação no dólar tem impacto relevante nas contas da companhia.
O mesmo ocorre com a CPFL Piratininga, distribuidora que atende 27 municípios do interior e litoral de São Paulo.
Pelos dados da Comerc, a parcela do reajuste devido a alta do dólar poderá chegar a 9,5 pontos porcentuais. Segundo a empresa, os valores ainda estão em fase de avaliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na Light, o reflexo no aumento anual poderá chegar a 8,4 pontos porcentuais.
"Essa é a previsão de aumento fora a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)", diz o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca, explica que as empresas sentem o impacto do aumento do dólar simultaneamente, mas só podem repassar para o consumidor na data dos reajustes.
Segundo ele, se não tiver alteração no cenário energético, o câmbio deve ser o item que mais vai contribuir para o aumento das tarifas em 2016.
"Mas não podemos prever em que nível os reajustes ficarão. Há uma série de incertezas que não permite previsões."
Uma delas é a questão da hidrologia. Se não chover o suficiente, o país terá novamente de acionar as térmicas, mais caras.
Outro fator que pode representar pressão sobre a tarifa são os leilões que vão ocorrer nos próximos meses.
Se o valor ficar acima do praticado hoje, a diferença será repassada para a tarifa do consumidor.
A lista de incertezas inclui liminares que algumas empresas conseguiram na Justiça.
Uma delas requer pagamento de 3,7 bilhões de reais pelas distribuidoras -- leia-se consumidor.
A Abradee conseguiu decisão judicial favorável às associadas. Mas, se a liminar cair, os valores seriam repassados para as tarifas.