Do guerreiro com amor 26/10/2015
- Juca Kfouri - Folha de S.Paulo
Vagner Love, outra vez, tropeçou, escorregou, errou passes, deu trombadas, levou trombadas, perdeu gol, mas, outra vez outra vez, fez gol.
Desta vez, o único gol.
O gol da vitória sobre o Flamengo, já nos acréscimos do primeiro tempo, numa das poucas vezes em que o Corinthians conseguiu trocar passes contra a forte marcação do Flamengo, ao receber de Malcom e ser frio o suficiente para vencer o goleiro Paulo Victor.
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Prêmio para quem vem sendo muito criticado, aqui, inclusive, mas não por falta de esforço, porque sempre com espírito guerreiro, agora com 11 gols, um dos cinco principais artilheiros do campeonato, o que não é pouco, distante oito gols de Ricardo Oliveira, mas perto de Lucas Pratto e de Jadson, com 12, empatado com André.
Antes de fazer o tento solitário do clássico dos times mais populares do país, ele mesmo havia desperdiçado boa chance e Jadson outra, exatamente por tentar dar o gol a Love.
E bem antes de o jogo começar, quem monopolizava as atenções era o outro centroavante, o peruano e ex-corintiano Guerrero, que não foi hostilizado como não deveria mesmo ser, recebeu vaias compreensíveis, mas equivocadas, e não jogou nada, isolado num Flamengo sem a menor criatividade.
Pois foi Love, ex-rubro-negro, o personagem do clássico, numa tarde em que o meio-campo alvinegro não brilhou e Gil foi de novo um gigante.
O jogo perdeu a graça logo no começo do segundo tempo quando o time carioca ameaçava reagir e perdeu Jonas por expulsão.
Reduzido a dez jogadores, o Flamengo se limitou a ficar mais com a bola, a sofrer pelo menos três claras ameaças de levar o segundo gol e não conseguiu levar perigo ao arco de Cássio.
Todos os ventos conduzem o Corinthians ao título e a única nota destoante de ontem foi o terceiro cartão de Elias, que o tira do jogão de domingo que vem, no Independência, contra o Galo.
Veja o que um erro de arbitragem é capaz: Elias sofreu um pênalti claro, reclamou porque não é de ferro, e foi punido.
Mas nada que mexa com o astral corintiano.
OBRIGAÇÃO
Time algum tem obrigação de vencer outro time de seu tamanho, mesmo em casa.
Que o torcedor palmeirense exija a classificação à final da Copa do Brasil com a eliminação do Fluminense depois de amanhã é normal.
Só que a obrigação ficará por conta de quem tomou a decisão de não encarar o Sport, e perder por 2 a 0 para o time pernambucano, com força máxima, principalmente após o Santos ficar no 0 a 0 com o Figueirense.
Ora, a vitória devolveria o Palmeiras ao G4 e o que seria defensável em caso de vitória santista, deixou de ser diante da nova circunstância.
Se falta padrão de jogo ao time titular alviverde, que dirá do misto?
O Marcelo Oliveira do Cruzeiro bicampeão parece ter ficado em Belo Horizonte e o diretor Alexandre Mattos de "Mitos" nada tem, talvez porque o mecenato de Paulo Nobre seja das atitudes mais antigas do mundo do futebol.
Pipocam aqui e ali críticas aos métodos do treinador – coletivos, coletivos e mais coletivos – e a desconfiança de que as pressões num Palmeiras sejam demais para ele.