Punição a jogadores antecipa mudanças no Fla para 2016 30/10/2015
- EDUARDO ZOBARAN - O GLOBO
Não foi à toa que o Flamengo puniu cinco jogadores por estarem em uma festa na última terça-feira.
Mais do que uma demonstração de rigor da diretoria, criticada pelos opositores de não ter pulso firme, as punições dão ideia da cara que o elenco rubro-negro terá, ou melhor, que não terá em 2016 -- independente de quem vencer a eleição presidencial em dezembro.
Quinta, ao falar sobre os companheiros, Paulo Victor evitou polêmicas. Mas, ao falar sobre a vida de um jogador do Flamengo, deixou claras as privações que deveriam ter sido feitas pelo quinteto.
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— Aqui a cobrança é da maior torcida do mundo. Tudo que você faz aqui é maior. Eu tenho certeza de que 90% dos jogadores têm o sonho de jogar no Flamengo, mas sabem da responsabilidade que isso traz - disse o goleiro.
— É preciso sabedoria quando se escolhe (jogar no) o Flamengo. Tive boa proposta no meio do ano, mas optei por ficar. Receber cobrança faz parte da vida de jogador. Estamos devendo em campo e, por isso, é que essa cobrança vem acontecendo.
Dos cinco, três têm contratos longos com o clube: Éverton, Paulinho e Marcelo Cirino -- que tem o caso mais complicado a ser resolvido.
O atacante foi contratado com pompa no início do ano junto ao Atlético-PR graças à participação do fundo de investimento Doyen, que comprou 50% dos direitos econômicos do atleta.
Para ter o jogador, o Flamengo se comprometeu a pagar € 3,5 milhões até dezembro de 2017 -- caso os investidores não consigam negociá-lo por um valor maior.
O preço sofre acréscimo de 10% ao ano.
À época, o valor em moeda nacional era de R$ 11,3 milhões. Hoje, com a crise econômica, subiu para R$ 14,8 milhões.
Em 41 jogos pelo rubro-negro, 30 deles como titular -- a maior parte destes no primeiro semestre --, Cirino, de 23 anos, esteve longe de agradar à torcida e à direção.
Na temporada, marcou 11 vezes, mas nove dos gols foram no Carioca, quando atuava como centroavante.
Deixou sua marca uma vez na Copa do Brasil e outra, no Brasileiro.
Em recuperação de cirurgia no joelho direito, ele foi ontem ao Ninho do Urubu para realizar fisioterapia.
O caso dos demais parece ser mais simples. Em compensação, como todos vinham atuando como titular, o afastamento representa uma dor de cabeça para Oswaldo de Oliveira.
Ontem pela manhã, ele escalou Ayrton na lateral direita, Luiz Antônio e Jajá no meio-campo e Gabriel no ataque.
À tarde, os antigos titulares Pará, Alan Patrick, Éverton e Paulinho fizeram apenas atividade física, separados do restante do elenco, no Ninho do Urubu.
O afastamento de Pará causou uma situação, no mínimo, curiosa.
Como o jogador está emprestado pelo Grêmio até o fim do ano -- e não ficará no rubro-negro em 2016 --, ele não poderia enfrentar o clube gaúcho, no domingo, na Arena do Grêmio.
Já que o Flamengo também tem um jogador emprestado ao Grêmio, Erazo, foi acordado na manhã de quarta-feira que ambos poderiam atuar.
Tudo fazia sentido até que, no mesmo dia, o Flamengo afastou Pará.
Na prática, o rubro-negro permitiu que o equatoriano entrasse em campo sem o pagamento de uma multa de R$ 500 mil.
Outro jogador emprestado até o fim do ano, o meia Alan Patrick, que pertence ao Shakhtar Donetsk, não deverá permanecer na próxima temporada.
Com cinco gols em 21 partidas, ele foi considerado peça fundamental para a arrancada rubro-negra no início do segundo turno.
Seu desempenho, no entanto, caiu com o restante da equipe.
SAÍDAS SERÃO FACILITADAS
Com direitos econômicos ligados ao Flamengo e contratos longos, Éverton e Paulinho deverão ser liberados para negociar com outros clubes.
Contratado no início de 2014 por mais de R$ 4 milhões, após boa passagem pelo Atlético-PR, Éverton tem contrato até o fim de 2017.
Titular em 40 jogos do ano, o meia-atacante é visto como um jogador com mercado.
Um clube chinês estaria interessado no meia e o Flamengo deve facilitar a negociação.
Já Paulinho, contratado por empréstimo em 2013 junto ao XV de Piracicaba, quando ainda era um desconhecido, nunca mais repetiu as boas atuações que o fizeram ser comprado em definitivo.
Em maio de 2014, o Flamengo pagou R$ 1 milhão por 60% dos direitos econômicos do jogador.
Este ano, uma nova quota de 10% foi vendida pelo clube paulista por R$ 250 mil.
Em 2015, em 31 jogos, ele deixou sua marca cinco vezes.
Embora não tenha participado da festa, o colombiano Armero, atualmente recuperando-se de lesão na coxa direita, é mais um que deve ser liberado.
Ele está emprestado pelo Udinese, da Itália, até o fim do ano.
O meia Almir é outro que não deve permanecer. Emprestado pelo Bangu, ele tem contrato até o fim do ano.