Operação no norte de Paris termina com 7 presos e 2 suspeitos mortos 18/11/2015
- LEANDRO COLON E VINICIUS TORRES FREIRE - FOLHA DE S.PAULO
Uma megaoperação antiterrorismo em Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris, terminou com a prisão de sete suspeitos e a morte de duas pessoas, incluindo uma mulher-bomba, que teriam ligação com os ataques terroristas que deixaram 129 mortos e 352 feridos na semana passada na capital francesa.
Por volta de 4h20 (1h20, horário de Brasília) desta quarta (18), policiais cercaram a esquina das ruas Corbillon e République, centro da cidade, a cerca de 500 metros da catedral gótica de Saint-Denis, do século 12. Mais tarde, soldados chegaram ao local da operação, que durou mais de sete horas.
Os suspeitos, cujas identidades não foram reveladas, ocupavam um ou mais apartamentos na região. Houve uma intensa troca de tiros e explosões.
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Segundo as autoridades, uma mulher-bomba se suicidou ao detonar explosivos que carregava junto ao corpo. Relatos apontam que um segundo suspeito teria sido morto por um atirador da polícia.
Além disso, três suspeitos foram presos em um apartamento e outros quatro nos arredores.
Cinco policiais ficaram feridos. As autoridades disseram que um cão policial fêmea foi morto.
A reportagem da Folha esteve na área cercada pela polícia que dava acesso ao local do confronto. Policiais impediram que jornalistas se aproximassem da rua onde ocorreu o tiroteio.
As autoridades orientaram os moradores a não deixar suas casas. Estações de trem e estabelecimentos comerciais na região foram fechados, e aulas escolares canceladas.
Segundo a emissora americana CNN, a operação desta terça-feira teria impedido que os suspeitos de realizar novos atentados, planejados para ocorrer em breve. Essa informações não foram confirmadas pelas autoridades.
De acordo com a Procuradoria, a operação antiterrorismo foi lançada após interceptações telefônicas indicarem que o belga Abdelhamid Abaaoud, suposto cérebro dos atentados, estaria em Paris, e não na Síria, como se acreditava inicialmente. Não se sabe se o extremista foi morto, preso, ou se continua foragido.
Além disso, a operação buscava suspeitos ligados a Ismael Mostefai e Samy Amimour, dois dos três terroristas que mataram 89 pessoas na casa de shows Bataclan –ambos se explodiram após os atentados.
"As informações são muito precárias, ainda não recebi relatos oficiais da Procuradoria nem do prefeito de polícia (chefe da polícia da região parisiense). Só estamos seguindo orientações, o centro da cidade está fechado, as escolas estão fechadas, estamos dizendo para que as pessoas fiquem em casa", disse o prefeito Didier Paillard, antes do término da operação.
"Eu estava dormindo e de repente ouvi uma explosão. Os tiros foram por volta de 4h e 5h. Fiquei assustado e deixei meu apartamento", relatou à Folha o estudante Daouda Gassama, 17, que mora na área da ação policial.