Europeus boicotam reunião-almoço com ministro Stephanes 16/10/2007
- Márcia Bizzotto - BBC
Um grupo de deputados que encabeça o lobby contra a carne brasileira no Parlamento Europeu não compareceu nesta terça-feira a um almoço em Bruxelas em que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, pretendia discutir a situação da carne brasileira.
Dos dez deputados europeus convidados para o almoço, oferecido pela embaixadora brasileira para a União Européia (UE), Maria Celina de Azevedo, apenas dois compareceram.
¨Todos aqueles que mais nos criticam, que mais nos atacam, não compareceram ao almoço. Só compareceram exatamente aqueles que nos defendem¨, lamentou o ministro, apesar de a embaixadora afirmar que havia feito os convites ¨há muito tempo¨.
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Dois dos ausentes, entretanto, se comprometeram a ¨manter um diálogo¨, depois ¨de uma nova insistência da embaixadora¨, segundo Stephanes. Por esse motivo, o ministro decidiu alargar sua visita a Bruxelas por mais um dia.
Exigências
Depois de se reunir com os comissários de Comércio Exterior e de Saúde da União Européia, Peter Mandelson e Markus Kyprianou, o ministro afirmou à imprensa que as seis exigências feitas pelo bloco europeu para manter as importações de carne do Brasil estão ¨praticamente¨ cumpridas.
O atraso maior diz respeito justamente à rastreabilidade do gado, o que permite assegurar que a carne enviada à Europa não provém de zonas proibidas de vender para o bloco.
Bruxelas exige que 40 milhões de cabeças de gado sejam rastreadas, mas o sistema de rastreamento brasileiro abrange atualmente cerca de 10 milhões de cabeças de gado, de acordo com Stephanes.
Ainda assim, o ministro confia em que um argumento poderá convencer as autoridades européias: ¨Até o final do ano, teremos entre 12 milhões e 15 milhões de cabeças de gado rastreadas. Por ano, nós exportamos para a Europa 3 milhões de cabeças de gado. Ou seja: nós temos gado suficiente para abastecer o mercado europeu durante muito tempo.¨
Outra das exigências, a implementação de testes para verificar possíveis deficiências na vacinação do gado, só poderá ser concluída em dezembro, ¨já que é preciso que o gado esteja vacinado e a data da vacinação é novembro¨, segundo Stephanes.
A partir de novembro, a carne exportada para a União Européia terá um novo certificado, eletrônico e impresso em papel da Casa da Moeda, uma proteção contra falsificações, como havia pedido Bruxelas.
A União Européia ainda exigiu do Brasil uma nova legislação sobre focos e controle da febre aftosa, maior rapidez no diagnóstico da doença e melhorias no controle do trânsito de animais, mudanças que, segundo o ministro, já foram implementadas.
Embargo
O comissário Kyprianou disse estar seguro de que o Brasil cumprirá todas as exigências dentro do prazo e afirmou que um embargo não é a primeira opção no caso de persistirem deficiências.
¨Há uma série de medidas que consideramos tomar, o que não necessariamente significa um embargo¨, afirmou Kyprianou. ¨Pode ser um endurecimento nos critérios de testes, nos critérios de certificação.¨
¨Tudo depende da seriedade e da abrangência das deficiências que persistirem. Mas qualquer decisão será tomada com base científica¨, acrescentou, depois de ressaltar que não quer introduzir ¨nenhum embargo desnecessário¨.
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Comentário de Nivea Miglioli (niveamiglioli@gmail.com) Em 16/10/2007, 22h19
Facil de resolver
Simples de resolver. Se o caso fosse inverso, garanto que os produtores europeus reduziriam a produçao e deixariam de o resto do mundo de cara para praça> Mas brasileiro é tão bonzinhooooooo....