Boca de urna dá vitória a Macri na Argentina 22/11/2015
- G1
O empresário Mauricio Macri, ex-presidente do clube Boca Juniors e líder de uma frente de centro-direita, deve ser o novo presidente da Argentina, segundo pesquisas de boca de urna divulgadas pelo jornal "Clarin" e por canais de TV.
O jornal diz que o candidato é favorito em todas as pesquisas, com uma diferença que varia de 6 a 20 pontos.
Se vencer, Macri sucederá Cristina Kirchner, pondo fim a um ciclo de 12 anos de presidentes de centro-esquerda, que começou com Néstor Kirchner em 2003 e continuou com sua mulher em 2007.
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As pesquisas de boca de urna, feitas nos centros de votação, indicam a tendência de vitória da oposição, mas não divulgam a porcentagem de votos pela proibição eleitoral que rege no país até a divulgação dos primeiros resultados oficiais provisórios.
A votação do primeiro segundo turno para eleições presidenciais na história da Argentina foi encerrada às 18 horas (19 horas de Brasília).
Cerca de 32 milhões de eleitores eram esperados para optar entre o liberal Mauricio Macri e o peronista de centro Daniel Scioli, candidato governista.
Segundo as autoridades eleitorais, o dia transcorreu com normalidade, com um índice de participação de 74% dos eleitores convocados.
O G1 apurou que, no consultado argentino no Rio, Macri venceu com 74% dos votos.
Os primeiros boletins oficiais sobre a votação devem ser divulgados a partir das 19h30 (20h30 em Brasília).
A expectativa é de que o vencedor seja conhecido ainda neste domingo (22), segundo Alejandro Tullio, diretor da Dirección Nacional Electoral, órgão responsável pelas eleições argentinas.
O novo presidente tomará posse do cargo no próximo 10 de dezembro.
Cautela
Apesar de satisfeita com os primeiros resultados de boca de urna, pouco antes do início da divulgação oficial dos votos, a equipe de Mauricio Macri dizia que era preciso ter calma.
"Estamos muito felizes com o que aconteceu hoje na Argentina, mas temos que ir passo a passo. A eleição não termina até que as atas estejam entregues", disse Marcos Peña, braço direito do candidato opositor, diante de centenas de militantes já reunidos com a aliança Mudemos à espera dos resultados oficiais.
O dia dos candidatos
Mauricio Macri, candidato opositor e líder nas pesquisas, votou em meio a um caos de jornalistas e simpatizantes em uma escola de Palermo, bairro de classe média de Buenos Aires.
No primeiro turno, em 25 de outubro, ele obteve 37% dos votos.
Já o candidato da frente governista, Daniel Scioli, compareceu a seu local de votação em Villa la Ñata, na periferia de Buenos Aires, onde havia mais jornalistas que eleitores.
Com 34,1% no primeiro turno, ele contrariou todas as pesquisas que apontavam uma diferença de 8 pontos entre os candidatos.
A presidente Cristina Kirchner votou em Rio Gallegos, na província de Santa Cruz e falou por quase meia hora à imprensa.
"O futuro será o que os argentinos quiserem. Que os argentinos definam com memória e a certeza de que nada é para sempre. É preciso refletir sem ódio, sem rancor, com amor e alegria, mas que a alegria não nos esqueça do que se passou", disse.
Origens
Se Macri conquistar a presidência, será a primeira vez, desde que se instituiu o voto, em 1916, da vitória de um candidato civil que não pertence nem ao partido peronista nem ao radical socialdemocrata, as duas grandes forças populares, em 100 anos de vida política na Argentina.
Os dois candidatos têm origens familiares semelhantes, são da mesma geração e alegam ser bons amigos, mas defendem modelos de país diferentes em temas fundamentais para a sociedade argentina.
Mais sobre os candidatos:
Mauricio Macri (Pro-Propuesta Republicana),
56 anos, engenheiro, é prefeito de Buenos Aires e se apresenta como a "verdadeira mudança", mas baseou sua campanha eleitoral em discutir questões formais.
Promete dialogar e propõe união, mas evita definições políticas.
O conservador defende a abertura de investimentos estrangeiros, a diminuição da inflação para um dígito em dois anos e o levantamento dos limites das exportações do setor agropecuário.
Também diz que vai criar uma agência nacional contra o crime organizado e desenvolver um sistema de estatísticas criminais.
Acusado de formação de quadrilha em um caso de espionagem ilegal, Macri tentou fazer com que a justiça argentina suspendesse o processo durante a campanha, mas não conseguiu.
Filho de um conhecido empresário, sua passagem à política aconteceu também após se tornar uma figura conhecida no âmbito esportivo: foi presidente do Boca Juniors.
Durante a campanha, tentou se desprender da imagem de empresário milionário e capitalista.
Daniel Scioli (Frente para la Victoria)
58 anos, empresário e atleta, é governador da província de Buenos Aires e se apresenta como a continuidade a 12 anos de gestão "kirchnerista", mas com um estilo diferente da confrontação permanente adotado pela presidente Cristina Kirchner.
O candidato afirma que corrigirá o rumo do atual governo, mas sem cair nas políticas liberais, que representam uma "volta ao passado".
Scioli promove uma "agenda nacional do desenvolvimento".
Ele defende baixar a inflação a um ritmo de 5 pontos percentuais por ano para alcançar nível de um dígito em 4 anos, diminuição de impostos para exportação de grãos e implementação nacional de forças policiais locais que complementam a polícia da província.
Colaborou com peronistas das mais diferentes tendências, desde o liberal Carlos Menem ao falecido Néstor Kirchner.
Entrou para a política através de Menem quando já era conhecido no país por sua atividade como piloto de corridas de barco, esporte no qual chegou a ganhar um campeonato mundial até perder seu braço direito em um grave acidente.