Palmeiras aceita convite de um Santos blasé e ganha título justo 03/12/2015
- Alexandre Lozetti - GloboEsporte.com
No intervalo da final, Dorival Júnior reclamou ao repórter Mauro Naves, da TV Globo: "A gente não jogou!".
E continuou não jogando. O Palmeiras? Ah, esse jogou... E como jogou. Muito mais do que se imaginava, não por qualquer má vontade ou torcida contra, mas simplesmente porque há algum tempo não se apresentava bem.
Sorte alviverde, guardou para a hora certa. A hora do título da Copa do Brasil. Hora de arrancar lágrimas dentro e fora de casa, no estádio e na rua.
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As vitórias sobre o Santos, 2 a 1 no tempo normal e 4 a 3 nos pênaltis, se desenharam durante 90 minutos.
Deveria até ter sido menos sofrida. A intensidade de marcação de um time e de outro. Os espaços cedidos. O instinto vencedor de cada palmeirense diante da postura blasé dos adversários.
É verdade que o erro de Nilson, na Vila Belmiro, semana passada, foi letal, mas o Peixe teve 90 minutos de Nilson na arena.
Ganhar nos pênaltis, depois do troféu erguido, é genial. Mas para quem fez 2 a 0 a seis minutos do fim e perdeu um gol aos 10 segundos de jogos, soou cruel.
Gabriel Jesus ficou cara a cara com Vanderlei, mas finalizou em cima do goleiro.
Na saída de jogo, no lançamento injustificável que Arouca interceptou, no toque de primeira de Barrios e na arrancada do moleque, já se notou qual seria a voltagem dos anfitriões.
O Verdão foi convidado pelo Santos a jogar. E aceitou.
A marcação alvinegra se afundou quase dentro da área, com defesa, meio e um buraco enorme até a letargia defensiva dos seus atletas mais talentosos.
Sobrou muito campo para o Palmeiras armar, criar, pensar... E, mesmo assim, em vários momentos, sobrou chutão.
Até quando o Palmeiras poderia armar contra-ataques, optou pela tática do "bico pra frente", tão criticada durante o segundo semestre. Abaixo, apenas três lances em que se recorreu à ligação direta.
Werley entrou no lugar de David Braz e pode-se dizer que o Palmeiras identificou o "caminho do gol".
Dessa vez, Barrios também protegeu à frente do camisa 2, e deu uma aula de pivô. Esperou o momento certo e achou o lugar certo para acionar Robinho, facilitado por Thiago Maia, que não acompanhou o meia. Dele pra Dudu, pro gol: 1 a 0.
O Palmeiras teve belas atuações individuais. O pivô de Barrios coroou uma exibição interrompida por dores e uma substituição.
Dudu, autor de dois gols, evidentemente precisa ser exaltado. Robinho, Matheus Sales, Vitor Hugo, até o jovem Lucas Taylor e mil vezes Fernando Prass.
E no Santos?
Lucas Lima teve lampejos que nem valem registro. O gol de Ricardo Oliveira só aconteceu porque a lesão de Thiago Maia impediu Dorival de trocar o centroavante por Nilson (sim, isso estava prestes a ser feito).
Merece aplausos o lateral-esquerdo Zeca. Entre erros e acertos, foi quem manifestou desejo de vencer, seja numa encarada desnecessária em Robinho ou no belo chapéu que aplicou no rival antes de construir a jogada que terminou no chute de Victor Ferraz na trave.
O melhor lance do Peixe nessa segunda partida da decisão da Copa do Brasil. O único. Pouco demais.